QUADRO DE DISFORIA EM CADELA APÓS ADMINISTRAÇÃO DE METADONA – RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Opioide. Analgesia. Excitação. Mastectomia.Resumo
A dor é uma preocupação constante na realização de intervenções cirúrgicas e a escolha do protocolo analgésico é fundamental para o êxito do procedimento e recuperação pós-operatória do paciente. Nesse contexto têm-se os opioides como fármacos de eleição para o tratamento da dor, principalmente processos dolorosos de intensidade moderada ou severa. A metadona é um opioide com potência equivalente à morfina, porém com o dobro do período de analgesia sem causar dependência física. Outra característica essencial é a possibilidade da prescrição do fármaco para administração pelo tutor do animal em sua residência, uma vez que a morfina é de uso restritamente hospitalar. Ressalta-se também, a possibilidade da administração da metadona via intravenosa sem a degranulação dos mastócitos e liberação de histamina, situação comum quando da administração da morfina por essa via. A morfina ainda é responsável por vários casos de excitação e disforia, em algumas vezes indiferente à via de administração. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de um canino, fêmea, 7,6 kg, sete meses de idade, sem raça definida, o qual foi encaminhado para atendimento médico-veterinário na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária da UFFS. Na anamnese, o tutor relatou o surgimento de caroços nas mamas e sangramento vaginal no último cio após administração de contraceptivos. Ao exame clínico o animal apresentou nódulos nas glândulas mamárias inguinal e abdominal caudal direita. Após realização dos exames radiográficos, laboratoriais e histopatológicos, juntamente com os termos de autorização anestésico-cirúrgico e consentimento livre e esclarecido preenchidos, o animal foi submetido à mastectomia radical unilateral e linfadenectomia axilar. A analgesia pós-operatória deu-se por meio de metadona (0,4 mg/kg) a cada oito horas via intramuscular. No entanto, logo após a primeira administração o animal apresentou quadro de disforia e excitação com intensa sialorréia, náuseas, vômito, defecação e vocalização. Decorridos trinta minutos, o quadro evoluiu para apatia e depressão, voltando ao comportamento normal uma hora após administração. Vale ressaltar que esse tipo de excitação pode ser evidenciado quando na utilização de morfina, contudo poucos relatos existem, na literatura consultada, sobre disforia com a utilização de metadona. Salienta-se também que apesar do quadro de excitação, obteve-se analgesia esperada e satisfatória pelo período de oito horas a cada administração. Ao final pode-se concluir que a metadona produz analgesia adequada e durante o período indicado, e em casos isolados, pode produzir episódios excitatórios, evidenciando a necessidade de maiores estudos sobre esse opioide.
Referências
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