O JOGO ENTRE NARRADOR E PERSONAGEM EM O PARAÍSO É BEM BACANA

Resumo

O presente trabalho é produto de pesquisa, realizada no período de 2014 e 2015, vinculada ao eixo dos estudos literários, sob coordenação do professor doutor Valdir Prigol, vinculada ao PET- Programa de Educação Tutorial Assessoria Linguística e Literária da UFFS. Objetiva-se discorrer sobre o objeto de investigação, a metodologia empregada, bem como os resultados encontrados e a conclusão do referido estudo. A obra literária analisada, O Paraíso é Bem Bacana, de André Sant’Anna, publicada em 2005, destaca-se pela relação entre o discurso do narrador e das personagens, a qual permite estabelecer uma imagem de leitura.  A análise desta imagem, denominada “jogo”, parte deste romance do século XXI e pontua as manifestações da questão na história da literatura brasileira. A relevância da pesquisa se dá, principalmente, à recente data de publicação do romance em questão e consequentes questões a serem estudadas a seu respeito. Como metodologia de análise, realizou-se movimento de literatura comparada entre O Paraíso é Bem Bacana e Vidas Secas, de Graciliano Ramos. O estudo possibilitou focalizar a maneira que os narradores dão voz às personagens, ponto amplamente discutido pela crítica literária na obra de Graciliano Ramos, mas inexplorado no que diz respeito à narrativa de Sant’Anna. Também se aponta que obras com diferença cronológica significativa apresentam questão estruturante afim. No que concerne ao “jogo”, destaca-se que o enredo de O Paraíso é Bem Bacana possui relação com a imagem de leitura proposta: a personagem principal, Mané, é a nova promessa do futebol, mas após uma série de infortúnios acaba em coma, em um hospital na Alemanha. Conclui-se que o “jogo” de vozes entre narrador e personagem é aquele entre quem possui a palavra e a cede ao outro, problemática anteriormente teorizada por Antonio Candido, ao analisar o conto “Mandovi”, de Coelho Neto, e o livro Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto.