ANÁLISE TEMPORAL DOS PROCEDIMENTOS DE RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DO COLO UTERINO NA MACRORREGIÃO NORTE (2018-2023)

Autores

  • Gabriela Erthal
  • Alice Fermiano Alves
  • RILARY SILVA SOUSA UFFS
  • Thaís Anete Ferreira
  • Silvane Nenê Portela

Palavras-chave:

Exame citopatológico , Colposcopia, Biópsia, Câncer do colo do útero , Assistência integral à saúde da mulher

Resumo

O câncer do colo do útero permanece um importante problema de saúde
pública no Brasil, apesar de ser prevenível e passível de detecção precoce. A análise de
indicadores de rastreamento e diagnóstico é necessária para avaliar a efetividade das ações
ofertadas nos serviços de saúde. Avaliar a relação entre a realização de métodos
de rastreamento e diagnóstico do câncer do colo do útero na macrorregião Norte do Rio Grande
do Sul, no período de 2018 a 2023. Estudo descritivo de série
temporal baseado em dados secundários de produção ambulatorial do Sistema Único de Saúde
(SIA/SUS), extraídos do TABNET/DATASUS, referentes à macrorregião Norte do Rio Grande
do Sul. Foram incluídos, no período de janeiro/2018 a dezembro/2023, os procedimentos
relacionados ao rastreamento e à confirmação diagnóstica do câncer do colo do útero: coleta de
material para exame citopatológico do colo do útero, colposcopia e biópsia de colo do útero. Os
registros aprovados foram agregados por ano civil e por tipo de procedimento. As análises
consistiram na quantificação anual (valores absolutos) e na avaliação de variações relativas
entre anos, com ênfase nas mudanças entre o pré-pandemia (2018–2019), período pandêmico
(2020–2022) e retomada (2023). O tratamento dos dados foi realizado em planilha eletrônica.
Por se tratarem de dados públicos, agregados e não identificáveis, não houve necessidade de
apreciação ética. No período de 2018 a 2023, a
macrorregião Norte do Rio Grande do Sul registrou um total de 94.182 procedimentos
relacionados ao rastreamento e diagnóstico de lesões do colo do útero, sendo 65.572 registros
de coleta de material para exame citopatológico, 27.416 colposcopias e 1.194 biópsias de colo
do útero. A coleta para exame citopatológico, principal método de rastreamento, apresentou
uma redução significativa em 2020, decrescendo de 15.117 procedimentos em 2018 para 6.970,
representando uma queda superior a 50%. Em 2023, observou-se uma recuperação parcial, com
11.918 procedimentos realizados, ainda aquém dos níveis pré-pandêmicos. A colposcopia,
exame complementar, seguiu um padrão semelhante, com redução de 5.010 procedimentos em
2018 para 4.357 em 2020, e declínio contínuo até 3.593 em 2023, indicando possível
dificuldade na retomada plena desse exame. A biópsia do colo do útero, procedimento invasivo
para confirmação diagnóstica, teve seu número reduzido de 261 em 2018 para 130 em 2020,
mas apresentou recuperação em 2023, com 236 procedimentos, aproximando-se dos valores
pré-pandemia. Essas variações refletem os impactos da pandemia de COVID-19 sobre o fluxo integrado das etapas do rastreamento e do diagnóstico do câncer do colo do útero, afetando a
oferta e a procura dos serviços de saúde. A redução em qualquer ponto dessa cadeia
compromete a efetividade do diagnóstico precoce e pode atrasar a instituição do tratamento
adequado. Dessa forma, torna-se imperativo implementar estratégias que garantam a
integralidade do percurso diagnóstico, promovendo o acesso e a continuidade de todas as
etapas, para assegurar a efetividade do rastreamento e do diagnóstico precoce do câncer do colo
do útero na macrorregião Norte do Rio Grande do Sul.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Ensino - Campus Passo Fundo