PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES SUBMETIDOS À TIREOIDECTOMIA DE NEOPLASIA MALIGNA
Palavras-chave:
câncer da tireoide, epidemiologia, tireoidectomia , neoplasiaResumo
O câncer de tireoide é a neoplasia maligna endócrina mais comum e ocupa papel relevante entre os carcinomas da região da cabeça e pescoço. Apesar de, em geral, apresentar bom prognóstico, sua taxa de mortalidade aumentou ligeiramente nos últimos anos, e sua incidência tem aumentado de forma consistente nas últimas décadas, o que reforça a necessidade de compreender melhor seus padrões e fatores associados. De acordo com estimativas nacionais mais recentes (2023), trata-se do terceiro tumor mais frequente em mulheres nas regiões Sudeste e Nordeste, consolidando-se como um importante problema de saúde pública, com uma média de 13.780 novos casos diagnosticados por ano. Diante desse cenário, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil clínico-epidemiológico e dados da análise anatomopatológica dos pacientes submetidos à tireoidectomia parcial ou total, como forma de tratamento para neoplasia maligna, por meio de um recorte dos anos de 2023 e 2024. Trata-se de um estudo transversal realizado em um hospital terciário da cidade dePasso Fundo, Rio Grande do Sul, a partir da análise de prontuários eletrônicos e laudos anatomopatológicos, coletados de forma não probabilística. Na análise estatística, estimaram-se as frequências absolutas (n) e relativas (%) das variáveis categóricas. A amostra foi composta por 17 participantes, com análise anatomopatológica de 31 tumores devido a multifocalidade das lesões em alguns casos. Desses, 12 (70,6%) eram mulheres e em relação à idade, observou-se maior prevalência entre a 4ª e a 6ª décadas de vida (41,2%), com média de 50 anos (± 16,31). A menor idade encontrada foi de 16 anos e a maior, de 73 anos. Quanto ao perfil clínico, o carcinoma papilífero foi identificado em 100% dos casos, sendo que, em 5,9%, esteve associado ao adenoma folicular. O diâmetro tumoral médio foi de 1,01 cm (± 0,70). No estadiamento dos tumores, de acordo com o sistema internacional TNM, 94,1% dos pacientes correspondiam ao estadio I. Evidenciou-se uma prevalência de 52,9% de doença local, 11,8% de neoplasia com acometimento linfonodalregional e 17,6% com invasão angiolinfática, esta última relacionada a maior risco de metástase. No que se refere a comorbidades, 42,9% dos pacientes apresentavam tireoidite de Hashimoto, doença autoimune caracterizada pela produção de anticorpos contra a glândula tireoide, causando processo inflamatório crônico. A literatura já descreve associação entre essa condição e maior incidência de carcinoma papilífero, e o presente estudo reforça essa relação, sugerindo que a presença de tireoidite de Hashimoto possa constituir um fator de risco adicional para o desenvolvimento das neoplasias malignas da tireoide. Reitera-se, portanto, a necessidade de estudos longitudinais para investigar essa associação e reduzir possíveis vieses de causalidade reversa. Ademais, os achados indicam a predominância do carcinoma papilífero em mulheres de meia-idade, em concordância com resultados previamente consolidados na literatura. Essas informações podem contribuir para uma abordagem baseada no perfil clínico-epidemiológico, favorecendo a detecção precoce e, consequentemente, melhores prognósticos.
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