RELAÇÃO ENTRE FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS MATERNOS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM USUÁRIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Isabel Benevides Frossard Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Jéssica Boufleur UFFS
  • Lucas Silva Tedesco Guimarães UFFS
  • Luana Bugone UFFS
  • Natasha Cecilia Silva Vilela UFFS
  • Ketlin Angelin UFFS
  • Shana Ginar da Silva UFFS

Palavras-chave:

desenvolvimento infantil, saúde materno-infantil, determinantes sociodemográficos, saúde pública, atenção primária à saúde

Resumo

O atraso no desenvolvimento infantil representa um desafio relevante de saúde pública,
podendo ser influenciado por fatores sociodemográficos maternos, como idade, cor da pele,
estado civil, escolaridade e renda. Compreender essas relações é fundamental para identificar
grupos de risco e orientar estratégias de promoção da saúde e prevenção de déficits no
desenvolvimento da primeira infância. Nesse contexto, o estudo teve como objetivo avaliar a
relação entre fatores sociodemográficos maternos e o alcance dos marcos do desenvolvimento
infantil em crianças de até 24 meses atendidas na atenção primária de Passo Fundo, RS. Tratase de estudo transversal realizado entre junho e dezembro de 2024, com mulheres ≥12 anos e
filhos ≤24 meses atendidos em cinco unidades básicas de saúde, no contexto da pesquisa “Saúde
da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal”, aprovada pelo Comitê de Ética da
Universidade Federal da Fronteira Sul (nº 5.761.013). Os dados foram coletados por entrevistas
presenciais conduzidas por entrevistadores treinados. O desfecho principal foi o alcance dos
marcos do desenvolvimento infantil — motor, social/cognitivo e linguístico — avaliados pelo
Protocolo do Ministério da Saúde na Caderneta de Saúde da Criança. Foram considerados 36
marcos (21 motores, 7 sociais/cognitivos e 8 de linguagem). Cada domínio foi dicotomizado
como “atingiu todos” ou “não atingiu pelo menos um”, originando escores por área. As
variáveis maternas incluíram idade, cor da pele, escolaridade, estado civil, ocupação e renda
per capita. Utilizou-se estatística descritiva (n%) e o teste do qui-quadrado, com nível de
significância de p<0,05. A amostra foi composta por 128 mulheres e seus filhos(as). A idade
média das mães foi 26 anos (±7,2), 53,3% se autodeclararam pretas, pardas ou indígenas, 65%
viviam com cônjuge e 40,1% eram primíparas. Quanto às condições socioeconômicas, 57,4%
não tinham ocupação ativa, 73% possuíam entre 8 e 12 anos de escolaridade e 57,3% tinham
renda familiar per capita de até meio salário-mínimo. A prevalência de crianças que alcançaram
os marcos motores, sociais/cognitivos e de linguagem foi de 19% (IC95% 12–27), 38% (IC95%
29–48) e 33% (IC95% 24–42), respectivamente. Crianças de mães com escolaridade
intermediária (8–12 anos de estudo) apresentaram menor desempenho no domínio
social/cognitivo (31% vs. 60% nos grupos de menor ou maior escolaridade; p=0,024). Nos
domínios motor e de linguagem, as diferenças não foram significativas. Para os demais fatores
— ocupação, renda, etnia, idade materna e estado civil — também não foram observadas
associações estatisticamente significativas (p>0,05). Os achados estão em consonância com a literatura, que aponta a escolaridade materna como preditor do desenvolvimento social e
cognitivo infantil. O presente estudo reforça a relevância dos fatores sociodemográficos
maternos como determinantes potenciais, destacando a escolaridade como aspecto crítico na
promoção do alcance dos marcos esperados. Intervenções que ampliem o acesso à educação e
favoreçam ambientes familiares e comunitários estimulantes podem reduzir desigualdades e
favorecer o desenvolvimento saudável de crianças atendidas pelo SUS, em consonância com as
diretrizes de saúde pública. 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo