PREVALÊNCIA DE MORBIDADES GESTACIONAIS SEGUNDO FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS EM USUÁRIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE PASSO FUNDO, RS.
Palavras-chave:
morbidade; assistência pré-natal; saúde da mulher; saúde pública.Resumo
Os fatores sociodemográficos podem atuar como determinantes no desenvolvimento gestacional sendo envolvidos indireta, ou diretamente, no acometimento da morbidade materna. Deste modo, este trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de morbidades maternas gestacionais e a relação com fatores sociodemográficos em mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, sendo recorte do projeto: “Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal em usuárias do Sistema Único de Saúde”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul, sob o número 5.761.013. O estudo foi realizado entre dezembro de 2022 a agosto de 2023, com mulheres de idade igual ou superior a 12 anos, que possuíam filhos de até 2 anos de idade, e assistidas na atenção primária do município de Passo Fundo, RS. As informações foram coletadas por meio de entrevista face a face, com a aplicação de um questionário desenvolvido para o próprio estudo, nas dependências das Unidades Básicas de Saúde São Luiz Gonzaga, Donária/Santa Marta, São José e Parque Farroupilha. As principais variáveis de interesse foram a presença de morbidades maternas como hipertensão e diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, excesso de ganho de peso, infecção do trato urinário (ITU) e síndrome de Hellp, as quais foram analisadas como desfecho quando relacionadas à fatores sociodemográficos (idade materna, cor da pele, renda e escolaridade) e exposição na análise com desfechos obstétricos como prematuridade e macrossomia fetal. Realizou-se estatística descritiva (n, %) e análise da distribuição do desfecho segundo variáveis independentes por meio do teste do qui-quadrado adotando-se um nível de significância estatística de 5%. A amostra foi composta por 271 mulheres, das quais 53,3% se autodeclararam como branca, com uma idade média de 26,6 anos (± 6,0), 37,1% apresentaram ensino médio completo, e 53% renda per capita de 0 a 0,5 salários-mínimos. Dentre as morbidades gestacionais, houve uma prevalência de 28% (IC95% 22-33) de infecção do trato urinário durante a gestação, 26,1% (IC95% 21-31) hipertensão gestacional e 21,9% (IC95% 17-27) excesso de ganho de peso. Foram demonstradas associações estatisticamente significativas entre excesso de ganho de peso e cor da pele preta, parda e amarela (p = 0,028), e da ocorrência de diabetes gestacional com idade materna acima dos 35 anos (p = 0,007) e cor da pele branca (p = 0,029). Além disso, as mulheres que apresentaram hipertensão gestacional tiveram maior proporção de partop ré-termo (p = 0,014). A partir dos resultados encontrados, identificou-se que mais de 1⁄4 da amostra avaliada apresentou alguma morbidade materna gestacional, sendo mais prevalentes a ITU, hipertensão gestacional e excesso de ganho de peso. Ainda, verificou- se a relação de maior proporção de morbidades com fatores sociodemográficos como idade avançada e cor da pele preta/parda/amarela. Investigar os aspectos sociodemográficos da morbidade materna consiste em compreender os determinantes de saúde que podem intervir no processo saudável da gestação. Portanto, considerando a necessidade de ampliar e melhorar a assistência materna, estudos com esse enfoque são necessários e relevantes.
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