ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DA BRUCELOSE CANINA, COMO BASE PARA UMA TERAPÊUTICA EFICAZ
Resumo
Os cães representam um papel importante na relação com humanos, e sua sanidade e bem-estar são fundamentais. Nesse contexto, deve ser dada atenção especial às doenças infectocontagiosas, como a brucelose canina, a qual pode acarretar prejuízos ao criadores de cães com a redução dos índices reprodutivos de machos e fêmeas, e ainda ser uma importante zoonose. Objetivou-se com este trabalho de revisão, abordar os principais aspectos relacionados ao diagnóstico e tratamento da brucelose canina. Para que haja controle e erradicação da enfermidade dos criatórios, é fundamental a execução de um correto diagnóstico. No entanto, grandes dificuldades existem em relação a isso no Brasil, pois a doença é insidiosa na maioria dos casos, mesmo durante a bacteremia; tem curso crônico, sem sinais patognomônicos e não existe teste padrão para o diagnóstico; os anticorpos comportam-se de maneira inconstante, as culturas nem sempre são positivas em animais infectados, e se a bacteremia for constante nas primeiras fases, poderá se tornar intermitente e a hemocultura negativa. O diagnóstico pode ser conduzido através da associação de evidências, baseado na história clínica do animal, por meio do isolamento do agente etiológico em meios de cultura e indiretamente, por provas sorológicas. O tratamento de um animal infectado isoladamente difere da abordagem terapêutica para um canil ou propriedade com diversos animais. O tratamento é caro e a cura difícil, pois a Brucella canis é refratária aos antibióticos e muito difícil de erradicar, devido à sua localização intracelular e nos machos, à inacessibilidade da barreira hemoprostática. Normalmente, se for um reprodutor de alto valor genético ou animal de estimação, preconiza-se o isolamento do soropositivo, castração e antibioticoterapia para reduzir as chances de disseminação. O diagnóstico é sempre um desafio a clínicos, criadores e laboratoristas. O primeiro passo inicia com o histórico dos animais, que é de grande importância no suporte das suspeitas. A detecção de reagentes positivos é necessária já que esta zoonose difundida na população canina vem assumindo crescente importância nos centros urbanos. A maioria dos laboratórios não tem familiaridade com a interpretação dos procedimentos de diagnóstico, o que frequentemente resulta no sacrifício de cães não infectados, baseados somente nos testes de aglutinação, que muitas vezes são reações falso-positivas. Pouco se tem feito, para se controlar a brucelose canina de forma sistematizada, a não ser em alguns canis que visam a reprodução comercial. Desta forma, a vigilância deve ser realizada por todos os médicos veterinários que atuam na clínica de pequenos animais e proprietários de cães e canis para se impedir que a doença se propague. Os resultados de testes sorológicos e dos cultivos devem ser sempre interpretados com cautela, especialmente quando avaliados em conjunto com história e quadro clínico de casos crônicos. É possível suspeitar da ocorrência de brucelose em duas situações distintas: quando houver evidência clínica da doença (abortamento ou epididimite) ou quando um resultado isolado de um teste de aglutinação rápida for positivo, embora sem sinais clínicos da infecção ou histórico na propriedade. Em qualquer caso, a estratégia deve ser discutida com o tutor.
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