AS PRÁTICAS DO SETOR DE ACESSIBILIDADE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS LARANJEIRAS DO SUL NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ACADÊMICO CEGO.

Autores

  • Lucimara Lemiechek Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Claudia Felisbino Souza Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fernanda Natali Demichelli Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

Apresentamos breve histórico relatando práticas desenvolvidas pelo Setor de Acessibilidade do campus Laranjeiras do Sul da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no acompanhamento do processo de inclusão do primeiro aluno cego a frequentar um curso de graduação no campus. A metodologia utilizada foi pesquisa documental de registros produzidos na instituição. O Setor de Acessibilidade do campus compõe o Núcleo de Acessibilidade da UFFS vinculado à Pró-Reitoria de Graduação e regido pela Resolução nº 6/CONSUNI CGRAD/UFFS/2015 que regulamenta suas ações enfatizando o respeito à diferença e a ampliação de oportunidades para ingresso e permanência de acadêmicos nos cursos de graduação e pós-graduação, bem como o ingresso e permanência de servidores. Atualmente o Setor é formado por seis servidores numa composição regulamentada pela Portaria 44/PROGRAD/UFFS/2017. Essa equipe multidisciplinar, da qual apenas um servidor está lotado com dedicação integral, é composta por pedagogo, psicólogo, intérprete de LIBRAS, técnico de tecnologia da informação, técnico em assuntos educacionais e professora da área de Letras/LIBRAS e tem como um de seus desafios acompanhar o acadêmico que, desde o semestre 2017.1 frequenta o curso Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências Naturais, Matemática e Ciências Agrárias, no período noturno. Considerando as inúmeras competências do Setor que são, entre outras, a promoção de ações que visem eliminar barreiras a proporcionar apoio didático-pedagógico aos docentes e discentes nos processos de ensino aprendizagem, o setor desenvolve suas tarefas com variadas atividades, como visitação a instituições que possuem experiência no trabalho com alunos e servidores cegos, promoção de palestras e debates e realização de oficinas. Essas ações visam instrumentalizar docentes, alunos e servidores no trabalho com cegos e, ao mesmo tempo, sensibilizar a comunidade universitária para a convivência com as diferenças. Dentre as temáticas abordadas em oficinas destacamos: soroban, Método Braille, Programa Dosvox e outras tecnologias assistivas. A fim de prover a qualidade e equidade no acesso ao ensino superior, os técnicos do setor (além dos monitores) realizam acompanhamento do acadêmico em sala de aula, adaptam materiais, gravam aulas, orientam para o atendimento individualizado com professores das disciplinas e na busca de atendimento pedagógico e psicológico. Na orientação pedagógica aos docentes, o setor realiza apontamentos e direcionamentos conforme recomenda a literatura pertinente e a legislação. Tais recomendações incluem elaboração do plano de adaptação curricular e extensão de tempo para realização de atividades. O objetivo das ações é eliminar obstáculos visando garantir a efetiva inclusão do acadêmico, além de assegurar a instrumentalização necessária para que desenvolva autonomia e independência. Concluímos salientando que encontramos inúmeras dificuldades para desenvolver, satisfatoriamente, as ações necessárias para que as barreiras sejam transpostas. Lutamos contra a falta de materiais básicos como soroban, reglete e punção, impressora em Braille, contra a falta de capacitação e experiência para esse trabalho. Enfrentamos a inexistência de espaços adaptados para cegos como cantina, biblioteca, restaurante universitário, materiais e mobiliário. Temos como entrave a cultura impregnada de que pessoas com deficiência são incapazes e não dignas de pertencer ao ambiente universitário. Assim, construímos o caminho na caminhada, na resistência.

 

 

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Publicado

23-10-2018

Edição

Seção

Campus Laranjeiras do Sul - Projetos de Ensino