TUMOR RETROBULBAR EM FELINO: RELATO DE CASO
Resumo
O órgão da visão é composto por diversas estruturas anatômicas que lhe permitem captar a luz e focá-la sobre os fotorreceptores a fim de que, a luminosidade seja convertida em impulsos elétricos e transformada em visão após a chegada ao córtex visual. Há diversas doenças que afetam os componentes que formam o órgão da visão dos animais domésticos, das quais muitas resultam em perda irreversível da visão. Neoplasias oculares são consideradas importantes enfermidades em oftalmologia veterinária, pois quando presentes, seja no bulbo ocular, órbita ou anexos podem ter consequências para a visão, aparência e conforto do paciente, bem como pode ser sinalizador de doença sistêmica grave. O objetivo deste relato é descrever um caso de tumor retrobulbar em felino. Foi apresentado para atendimento um gato, fêmea, pelo curto brasileiro, três anos de idade, pesando 2,750 kg, com projeção de bulbo ocular direito, conjuntiva e terceira pálpebra. A paciente recebeu tratamento prévio com suspensão oftálmica de dexametasona, além de ceftriaxona. À avaliação oftálmica, o paciente apresentava no olho direito secreção mucopurulenta e reflexos oculares reduzidos, sem fechamento de pálpebra, aumento de volume facial direito, hiperemia de terceira pálpebra e obstrução de ducto nasolacrimal, adicionalmente o teste de fluorsceína foi positivo. Diagnosticou-se protusão de bulbo ocular com ceratite ulcerativa por exposição em olho direito. Solicitou-se uma ultrassonografia ocular, na qual foi passível de observação no olho direito, uma massa em região retrobulbar com ecogenicidade média, sem vascularização abundante, bem delimitada e homogênea, medindo 1,39 x 0,97 cm. Observou-se também irregularidade e espessamento da úvea anterior (corpo ciliar e íris), sugerindo a presença de uma massa em região retrobulbar e uveíte em olho direito. Não foram observadas alterações no olho esquerdo ao exame. Realizou-se a punção aspirativa por agulha fina desta massa, todavia a amostra foi inconclusiva. A massa continuou a crescer projetando o bulbo ocular rostralmente. Deste modo optou-se pela exérese tumoral e a paciente foi encaminhada para este procedimento. Durante o procedimento cirúrgico observou-se que não havia mais viabilidade do bulbo ocular e optou-se pela enucleação do mesmo. Removeu-se o bulbo ocular com o tumor aderido a este, medindo cerca de 4,0 x 3,0 x 2,0 cm. A ultrassonografia ocular consiste em um procedimento diagnóstico não invasivo, que possibilita a avaliação da órbita e bulbo ocular. Este, é um método indicado para a avaliação do espaço retrobulbar e estruturas intraoculares, o que foi possível no caso em questão, possibilitando o diagnóstico do tumor. O tratamento de escolha para neoplasias oculares é a ressecção cirúrgica, todavia estes tumores em sua maioria são muito invasivos localmente e a proximidade entre estes, os órgãos do sentido e a inervação craniana acaba por impossibilitar a exérese tumoral com a margem de segurança ideal. A exérese cirúrgica do tumor foi a opção de escolha como tratamento sintomático e que por não haver margem de segurança apropriada, há necessidade de tratamentos multimodais, combinando quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Conclui-se que a ultrassonografia aliada ao procedimento cirúrgico pode melhorar a qualidade de vida do paciente, porém o diagnóstico definitivo por histopatologia e o tratamento multimodal devem ser opções de tratamento.
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