PREVALÊNCIA DE MORBIDADES GESTACIONAIS SEGUNDO FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS EM USUÁRIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE PASSO FUNDO, RS.

  • Gabrielle Petranski Vilas Bôas Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo
  • Daniela Teixeira Borges
  • Natasha Cecilia Silva Vilela
  • Shana Ginar Silva
Palavras-chave: morbidade; assistência pré-natal; saúde da mulher; saúde pública.

Resumo

Os fatores sociodemográficos podem atuar como determinantes no desenvolvimento gestacional sendo envolvidos indireta, ou diretamente, no acometimento da morbidade materna. Deste modo, este trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de morbidades maternas gestacionais e a relação com fatores sociodemográficos em mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, sendo recorte do projeto: “Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal em usuárias do Sistema Único de Saúde”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul, sob o número 5.761.013. O estudo foi realizado entre dezembro de 2022 a agosto de 2023, com mulheres de idade igual ou superior a 12 anos, que possuíam filhos de até 2 anos de idade, e assistidas na atenção primária do município de Passo Fundo, RS. As informações foram coletadas por meio de entrevista face a face, com a aplicação de um questionário desenvolvido para o próprio estudo, nas dependências das Unidades Básicas de Saúde São Luiz Gonzaga, Donária/Santa Marta, São José e Parque Farroupilha. As principais variáveis de interesse foram a presença de morbidades maternas como hipertensão e diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, excesso de ganho de peso, infecção do trato urinário (ITU) e síndrome de Hellp, as quais foram analisadas como desfecho quando relacionadas à fatores sociodemográficos (idade materna, cor da pele, renda e escolaridade) e exposição na análise com desfechos obstétricos como prematuridade e macrossomia fetal. Realizou-se estatística descritiva (n, %) e análise da distribuição do desfecho segundo variáveis independentes por meio do teste do qui-quadrado adotando-se um nível de significância estatística de 5%. A amostra foi composta por 271 mulheres, das quais 53,3% se autodeclararam como branca, com uma idade média de 26,6 anos (± 6,0), 37,1% apresentaram ensino médio completo, e 53% renda per capita de 0 a 0,5 salários-mínimos. Dentre as morbidades gestacionais, houve uma prevalência de 28% (IC95% 22-33) de infecção do trato urinário durante a gestação, 26,1% (IC95% 21-31) hipertensão gestacional e 21,9% (IC95% 17-27) excesso de ganho de peso. Foram demonstradas associações estatisticamente significativas entre excesso de ganho de peso e cor da pele preta, parda e amarela (p = 0,028), e da ocorrência de diabetes gestacional com idade materna acima dos 35 anos (p = 0,007) e cor da pele branca (p = 0,029). Além disso, as mulheres que apresentaram hipertensão gestacional tiveram maior proporção de partop ré-termo (p = 0,014). A partir dos resultados encontrados, identificou-se que mais de 1⁄4 da amostra avaliada apresentou alguma morbidade materna gestacional, sendo mais prevalentes a ITU, hipertensão gestacional e excesso de ganho de peso. Ainda, verificou- se a relação de maior proporção de morbidades com fatores sociodemográficos como idade avançada e cor da pele preta/parda/amarela. Investigar os aspectos sociodemográficos da morbidade materna consiste em compreender os determinantes de saúde que podem intervir no processo saudável da gestação. Portanto, considerando a necessidade de ampliar e melhorar a assistência materna, estudos com esse enfoque são necessários e relevantes.

Publicado
31-10-2023