VACINAÇÃO CONTRA A INFLUENZA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: ANÁLISE DA PREVALÊNCIA E DA RELAÇÃO COM O ÓBITO POR SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE

  • Thiago Emanuel Rodrigues Novaes Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Renata dos Santos Rabello
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Jossimara Polettini
  • Shana Ginar da Silva
Palavras-chave: Serviços de Saúde para Idosos, Cobertura Vacinal, Vacinas contra Influenza, Síndrome Respiratória Aguda Grave, Saúde Pública

Resumo

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é caracterizada como uma complicação da Síndrome Gripal, de etiologia multifatorial, mas predominantemente infecciosa. Com a pandemia da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, houve aumento das hospitalizações por SRAG em comparação aos anos anteriores ao início da pandemia, quando as principais causas da SRAG eram relacionadas aos vírus Influenza A e B, entre adultos e idosos, e Vírus Sincicial Respiratório, em crianças. Até 17 de janeiro de 2021, a população brasileira não contava com vacinas contra o SARS-CoV-2. Entretanto, contava com vacinas tetravalentes eficazes contra Influenza A (cepas H1N1 e H3N2) e Influenza B (cepas Brisbane e Phuket) que, pelas campanhas nacionais de vacinação, eram priorizados grupos de risco, como os idosos. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo descrever a prevalência da vacinação contra a Influeza e investigar a relação do ato de se vacinar com o desfecho final dos casos de SRAG em idosos durante a pandemia da COVID-19. Trata-se de um estudo observacional, com abordagem descritiva e analítica,  a partir da análise de dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo/RS. As notificações da população idosa abrangeram o período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2020. Utilizou-se o PSPP, software de livre distribuição, para as análises estatísticas, que consistiram em frequências absolutas (n) e relativas (%) das variáveis sociodemográficas para caracterização da amostra (sexo, cor e escolaridade), de exposição à vacina contra influenza (isoladamente e por sexo) e evolução dos casos (cura e óbito), além do teste de qui-quadrado de Pearson para verificar associação entre as variáveis vacinação (sim e não) e evolução do caso (cura e óbito) considerando um erro α de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o parecer 4.405.773. Em 2020, n=1.268 idosos foram hospitalizados por SRAG. Destes, 53,0% eram homens, 94,2% eram de cor da pele branca e 41,3% estudaram até o Ensino Fundamental. Os registros sobre vacinação foram observados em n=983 notificações, evidenciando que 59,4% indivíduos haviam se vacinado contra Influenza. As vacinações foram realizadas entre 60,4% dos homens e 58,3% das mulheres. Dos idosos que compuseram a amostra (n=1.268), 40,7% deles vieram a óbito em decorrência da SRAG durante a pandemia. A maior frequência de óbitos por SRAG foi observada nos indivíduos que não haviam tomado vacina contra Influenza (48,3%), quando comparados àqueles que se vacinaram (38%), demonstrando associação significamente estatística (p<0,001). A vacinação contra Influenza foi imprescindível para reduzir coinfecções e a sobrecarga dos serviços hospitalares, em 2020. Os achados salientam que maioria dos idosos com SRAG foram vacinados contra Influenza, em ambos os sexos, e que os indivíduos vacinados evoluíram menos à óbito por SRAG em relação aos que não se vacinaram. Espera-se que este estudo possa contribuir com a vigilância epidemiológica em saúde do município, de maneira a intensificar as vacinações contra a gripe entre idosos e, assim, reduzir impactos na morbimortalidade dessa população.

Publicado
21-11-2022