VACINAÇÃO CONTRA A INFLUENZA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: ANÁLISE DA PREVALÊNCIA E DA RELAÇÃO COM O ÓBITO POR SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE
Resumo
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é caracterizada como uma complicação da Síndrome Gripal, de etiologia multifatorial, mas predominantemente infecciosa. Com a pandemia da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, houve aumento das hospitalizações por SRAG em comparação aos anos anteriores ao início da pandemia, quando as principais causas da SRAG eram relacionadas aos vírus Influenza A e B, entre adultos e idosos, e Vírus Sincicial Respiratório, em crianças. Até 17 de janeiro de 2021, a população brasileira não contava com vacinas contra o SARS-CoV-2. Entretanto, contava com vacinas tetravalentes eficazes contra Influenza A (cepas H1N1 e H3N2) e Influenza B (cepas Brisbane e Phuket) que, pelas campanhas nacionais de vacinação, eram priorizados grupos de risco, como os idosos. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo descrever a prevalência da vacinação contra a Influeza e investigar a relação do ato de se vacinar com o desfecho final dos casos de SRAG em idosos durante a pandemia da COVID-19. Trata-se de um estudo observacional, com abordagem descritiva e analítica, a partir da análise de dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo/RS. As notificações da população idosa abrangeram o período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2020. Utilizou-se o PSPP, software de livre distribuição, para as análises estatísticas, que consistiram em frequências absolutas (n) e relativas (%) das variáveis sociodemográficas para caracterização da amostra (sexo, cor e escolaridade), de exposição à vacina contra influenza (isoladamente e por sexo) e evolução dos casos (cura e óbito), além do teste de qui-quadrado de Pearson para verificar associação entre as variáveis vacinação (sim e não) e evolução do caso (cura e óbito) considerando um erro α de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o parecer 4.405.773. Em 2020, n=1.268 idosos foram hospitalizados por SRAG. Destes, 53,0% eram homens, 94,2% eram de cor da pele branca e 41,3% estudaram até o Ensino Fundamental. Os registros sobre vacinação foram observados em n=983 notificações, evidenciando que 59,4% indivíduos haviam se vacinado contra Influenza. As vacinações foram realizadas entre 60,4% dos homens e 58,3% das mulheres. Dos idosos que compuseram a amostra (n=1.268), 40,7% deles vieram a óbito em decorrência da SRAG durante a pandemia. A maior frequência de óbitos por SRAG foi observada nos indivíduos que não haviam tomado vacina contra Influenza (48,3%), quando comparados àqueles que se vacinaram (38%), demonstrando associação significamente estatística (p<0,001). A vacinação contra Influenza foi imprescindível para reduzir coinfecções e a sobrecarga dos serviços hospitalares, em 2020. Os achados salientam que maioria dos idosos com SRAG foram vacinados contra Influenza, em ambos os sexos, e que os indivíduos vacinados evoluíram menos à óbito por SRAG em relação aos que não se vacinaram. Espera-se que este estudo possa contribuir com a vigilância epidemiológica em saúde do município, de maneira a intensificar as vacinações contra a gripe entre idosos e, assim, reduzir impactos na morbimortalidade dessa população.
Copyright (c) 2022 Thiago Emanuel Rodrigues Novaes, Renata dos Santos Rabello, Gustavo Olszanski Acrani, Jossimara Polettini, Shana Ginar da Silva
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