Conceito de Saúde na Realidade de Imigrantes Haitianos

Um relato de experiência

  • Fernanda Walker Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, Chapecó
  • Maira Lidia Schleicher
  • Jeane Barros de Souza
  • Juliana Campagnoni
  • Angélica Zanettini
  • Ivonete Teresinha Schulter Buss Heideman
  • Jonathan Vixamar

Resumo

O público imigrante no Brasil é um grupo vulnerável aos determinantes sociais de saúde, visto que enfrenta dificuldades de adaptação e de vivência no novo país, o que pode gerar o afastamento dos serviços de saúde e o prejuízo dos significados reconhecidos pelos imigrantes para a própria saúde. Tem-se por objetivo compartilhar sobre um círculo de cultura realizado com os imigrantes haitianos, estudantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), à luz dos pressupostos teórico-filosóficos de Paulo Freire, a fim de refletir sobre o conceito de saúde e as vulnerabilidades e necessidades emergentes dessa população, de modo que o direito ao acesso à saúde se fortaleça em prol de uma vida saudável. O círculo de cultura foi realizado no espaço universitário, em junho de 2019, com a participação de 12 estudantes haitianos de diferentes cursos da UFFS. Após a apresentação e identificação da história de vida dos participantes, seguiram-se as etapas do itinerário de pesquisa, sendo: investigação temática, codificação/descodificação e desvelamento crítico. O encontro foi encerrado com lanche comunitário e com a participação dos haitianos cantando músicas nativas do país de origem. Durante o círculo de cultura, os estudantes haitianos refletiram criticamente acerca do significado de saúde em suas vidas, revelando as seguintes interpretações: saúde é sentir-se bem em todos os sentidos, é não estar doente, é ter uma família, é estar bem física e mentalmente, entre outros, classificando-os conforme três conceitos de saúde representados ao longo da história. Por fim, identificaram-se as vulnerabilidades reconhecidas pelos haitianos na promoção da saúde a partir da sua realidade, tais como: as dificuldades com a língua, a falta de conhecimento sobre seus direitos, a falta de lazer, a falta de tempo ao conciliar estudo e trabalho, a falta de repouso, as dificuldades com a renda, a falta da alimentação e da cultura do Haiti, a saudade da família, o preconceito, a falta de integração entre brasileiros e haitianos, a falta de amizades sinceras, entre outros, situações que acabam dificultando os hábitos de saúde desses indivíduos. Essa atividade permitiu o conhecimento da cultura e dos saberes acerca da saúde no contexto de vida dos imigrantes haitianos, tornando esse diálogo um potencial para discussões a respeito das políticas públicas brasileiras responsáveis pelo acesso aos serviços de saúde e à promoção à saúde desse público.

Publicado
02-10-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa