A EPISTEMOLOGIA MATERIALISTA E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O CONHECIMENTO DA REALIDADE

  • Edgar de Campos Neto Universidade Estadual de Londrina
  • Sandra Aparecida Pires Franco

Resumo

O presente texto teve a sua gênese a partir das leituras dos textos e discussões que constituíram a disciplina 2EDU 544 “Estudos Avançados I - Epistemologia e Pesquisa em Educação”, a qual é obrigatória aos doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O objetivo geral da respectiva disciplina foi apresentar um panorama com as diversas correntes epistemológicas acerca da seguinte temática: o que é o conhecimento no campo científico e suas implicações para a vida humana. Entre as diferentes epistemologias que nortearam a disciplina, optamos pela epistemologia materialista, dado que a justificativa para tal escolha é em consequência das suas contribuições para o entendimento do que é o trabalho, a sociedade e o desenvolvimento das relações sociais, como também permite problematizar as contradições existentes na realidade humana. Outro fator de justificativa é que no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), bem como na escrita da dissertação no mestrado, o referencial teórico utilizado foi o materialismo histórico e dialético. Com isso, afirmamos que esse não é o nosso primeiro contato com a referida teoria. Apontamos como questões norteadoras: qual a necessidade do ser humano em conhecer a sua realidade? E quais são as implicações que resultam dessa respectiva ação? Para responder às indagações propostas, apontamos como objetivo geral: tecer uma breve reflexão acerca da concepção epistemológica materialista a partir dos conceitos de sociedade e trabalho.  Com o intuito de responder às questões do texto, nossa metodologia é composta por uma concisa revisão de literatura, que tem como referências os seguintes autores: Cury (2000), Cheptulin (1982), Kosik (1969), Marx (2008, 2023) e Marx e Engels (2007), Masson (2007) e Pinto (1979).   Considerando que a música é também uma produção do trabalho humano, na sociedade capitalista ela não escapa das influências do capitalismo, visto que ele a converte em uma mercadoria a ser comprada. Nesse sentindo, o seu acesso se torna um privilégio para os sujeitos que têm as condições de acesso ao bem produzido pela humanidade. Na atual conjuntura, o capital tem adentrado em todos os setores da sociedade, e o campo estético não está isento de suas ideologias.   Com o exposto da breve reflexão, entendemos que o ponto de partida para o homem conhecer a realidade do seu entorno está na compreensão do que é a sociedade capitalista e suas características como também o desenvolvimento do trabalho neste modelo societal. É no entendimento intrínseco dos conceitos apresentados que o homem pode apreender a realidade que não é restringida ao senso comum, ou seja, que não é limitada somente à aparência. Além disso, a epistemologia materialista proporciona ao homem o conhecimento da realidade por meio do pensamento dialético, possibilitando assim ao ser humano perceber e entender as relações contraditórias da sociedade, pois a classe burguesa tem um papel de dominação sobre a classe trabalhadora, visto que a burguesia detém os meios de produção e que por isso é quem determina a organização do trabalho na sociedade. Ainda é necessário que o homem supere a visão ingênua acerca do trabalho, o qual não deixa de ser necessário, mas cujas condições materiais existentes na sociedade e a sua organização têm como consequência o desenvolvimento do trabalho de maneira desumanizada. A vida humana é cerceada pelas contradições que são consequências do capitalismo, que em seu afã não deixa espaços para o homem desenvolver um pensamento crítico sobre a realidade que o envolve.

Publicado
03-10-2024
Seção
Processos de Pesquisa em Educação