SAÚDE MENTAL E EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA ANÁLISE SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DE PROFESSORES
Resumo
A sociedade contemporânea, marcada por um contexto em que se privilegia a busca por explicações naturalistas para os problemas sociais, compõe o foco deste estudo. Vivemos em uma época em que sintomas psicológicos são vistos como problemas individuais, diagnosticados como transtornos psiquiátricos e, em seguida, tratados pela via medicamentosa. Esses transtornos figuram entre as principais causas de afastamento do trabalho, sendo a categoria de professores a terceira maior de concessão de auxílio-doença por incapacidade laboral no Brasil. Com base no exposto, o objetivo deste estudo é investigar a relação entre as condições de trabalho e a saúde mental dos docentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), buscando compreender os fatores de risco para o adoecimento nesse contexto profissional. Este estudo caracteriza-se como exploratório e descritivo, adotando uma abordagem quantitativa com procedimentos de pesquisa de campo, e o referencial teórico adotado é o da Psicologia Histórico-Cultural. A amostra envolveu 201 docentes, que participaram voluntariamente respondendo ao Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA). Os resultados demonstram que há fatores de risco relacionados ao adoecimento psiquico do s docentes, e estao relacionados à Organização do Trabalho, Condições de Trabalho, Relações Sócio Profissionais, Custo Afetivo, Esgotamento Profissional e Danos Físicos que foram classificados como críticos. O fator Dano Cognitivo destaca-se com classificação “grave”, evidenciando um impacto ainda mais significativo do trabalho sobre a saúde mental dos professores. Conclui-se que o sofrimento mental dos docentes está fortemente associado ao atual cenário sociológico, onde o trabalho contribui para o adoecimento psíquico, impulsionado pela lógica neoliberal em uma universidade mercantilizada, que atribui responsabilidade individual a problemas que são, na verdade, socialmente produzidos.