Disseminando conceitos e construindo pensamentos: o lugar da OCDE no fenômeno educacional transnacional

Abstract

O fenômeno transnacional tem sido abordado por diversos estudos do campo da História da Educação. Entre os interesses dos pesquisadores está a compreensão dos motivos que, a partir da segunda metade do século XX, levaram países com características socioculturais diferentes a conduzirem suas políticas educacionais a uma mesma direção e a convergirem para conceitos semelhantes de educação. As ações das organizações internacionais, entre as quais a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que coordena o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), contribuem com o estabelecimento das referidas semelhanças (Ferraz Lorenzo; Machado-Trujillo, 2020). A organização atua em escala transnacional disseminando e pondo em circulação conceitos e ideias para o campo da educação. Suas ações não estão restritas à participação política e podem ser denominadas soft: disseminando ideias, a OCDE atua na construção de pensamentos (Prytz, 2020). Tais conceitos são incorporados nos sistemas de pensamento a partir dos quais são definidas e ordenadas as práticas escolares. Os sistemas de pensamento enquadram os estudantes em diferentes espaços epistemológicos que organizam diferentes percepções do mundo e concepções do Eu (Popkewitz, 1994). Os dados do PISA, assim, “[...] fabricam princípios sobre quem é – e como deverá ser – a criança.” (Popkewitz; Lindblad, 2016, p. 727). O objetivo do projeto de dissertação ao qual o presente resumo se relaciona é compreender como as reformas curriculares implementadas no Brasil no século XXI incorporam os conceitos disseminados pela OCDE/PISA e reverberam nos sentidos atribuídos à escolarização por estudantes em idade PISA do município de Erechim/RS.