O APAGAMENTO SÓCIO-HISTÓRICO DE CORPOS E IDENTIDADES LGBTI+ E OS ESPAÇOS POLÍTICO-ELEITORAIS EM LEGISLATIVOS DE MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL

  • Cristian Anderson Puhl Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Colonialidade do poder, LGBTfobia, Colonialismo, Representatividade, Epistemologias do Sul.

Resumo

No Brasil, desde a colonização, persiste um apagamento sócio-histórico de parcelas populacionais, ocasionando um cenário de múltiplas invisibilidades. A imposição de novos padrões de sociabilidade e condutas aos povos originários resulta na adoção de um regramento moral que engendra as relações sociais, tendo o binarismo e o heterossexismo como normas. Esse constructo da Modernidade Colonial (QUIJANO, 2005) redefine a condição de existência dos povos originários a partir dessas novas identidades. É a expansão de um sistema-mundo (WALLERSTEIN, 2001) que irá reorganizar as estruturas de poder e produzir sujeitos constituídos à imagem do colonizador, marginalizando e invisibilizando corpos e identidades não-normativas. A pesquisa, acolhida no PPGICH da UFFS/Erechim sob orientação da professora doutora Thaís Janaina Wenczenovicz, objetiva perscrutar como este cenário da Modernidade (MIGNOLO, 2005) mantém-se em reprodução pelo ideário do colonialismo e da colonialidade. Para o estudo, qualitativo e interdisciplinar, faz-se uso do método investigativo-bibliográfico, ancorado nas Epistemologias do Sul, e na interseccionalidade como ferramenta interpretativa. Pelo exposto tem-se a hipótese de que o colonialismo e a colonialidade sustentam a estratificação do poder político e eleitoral, promovendo o apagamento de sujeitos re-identificados pela perpetuação sistemática deste modelo, como as populações LGBTI+. Neste sentido, haverá inserção etnográfica em municípios do Rio Grande do Sul que elegeram, em 2016 e/ou 2020, vereadores/as autodeclarados/as LGBTI+. Busca-se mensurar como a LGBTfobia é um dispositivo mantido pelo ideário do colonialismo, impactando no tensionamento eleitoral destes corpos e identidades dissidentes e subalternizadas. A complexidade da investigação justifica a interdisciplinaridade e a interseccionalidade.

Publicado
04-07-2024