A GESTÃO NA REDE DE ATENÇÃO A SAÚDE: VIVÊNCIAS ACADÊMICAS
Resumen
Resumo: este trabalho objetiva relatar as vivências de estágio na graduação em enfermagem nos cenários da Rede de Atenção à Saúde (RAS), a partir do cuidado as Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT). Trata-se de um relato de experiência realizado durante Estágio I e II do Curso de Enfermagem, no período de janeiro de 2016 a março de 2017, em um município da região central do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O estudo foi realizado no contexto da gestão dos serviços de saúde na Atenção Básica (AB), articulado ao Núcleo de Educação Permanente em Saúde (NEPeS), e na Atenção Secundária, em Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Durante as vivências na UPA, percebeu-se que a maioria dos atendimentos e, por conseguinte, internações, foram de adultos com agravos de DCNT. Ao passar pela Classificação de Risco, sistematizada pelo Protocolo de Manchester, muitos destes usuários eram classificados como ‘pouco urgente’, com tempo de atendimento de até 120 minutos. Compreendendo que a UPA é caracterizada como um serviço de urgência e emergência, os usuários foram questionados por qual motivo buscaram o serviço, uma vez que este atendimento pode ser realizado na AB. Estes indivíduos relatam que o motivo tem relação direta com a garantia de consulta, bem como a flexibilidade de horários, sendo que a UPA estende o seu atendimento após as 18 horas e aos finais de semana. No discurso de alguns dos usuários internados surge a ausência de mudança de hábitos e uso incorreto das medicações após o diagnóstico de DCNT. Mesmo conhecendo sua condição clínica, relatam não ter nas Unidades de Saúde a referência para o cuidado, seja por não receberem atendimento médico no momento que desejam ou pela precariedade de orientações ofertadas pela equipe de saúde. Já nas discussões e preocupações da equipe de AB, que permeiam o contexto de gestão, remete-se a pouca acessibilidade, a falta de adesão do usuário aos cuidados e, consequentemente, a agudização das DCNT, na qual resulta nas internações em instituições hospitalares, comprometendo a resolutividade nas RAS. Após observar estás realidades, percebe-se a necessidade de compreender a gestão dos serviços de saúde. Nessa perspectiva, a experiência apresentada corrobora com necessidades mais abrangentes que a implementação de políticas que ordenem os processos do cuidado com DCNT. Faz-se necessário educação em saúde continuada com a população, desenvolvendo com os usuários momentos de construção do conhecimento e reflexão, empoderando o sujeito como construtor e promotor de sua saúde. Essas ações podem diminuir os fatores de agudização das DCNT e, por conseguinte, promover o fortalecimento da RAS. Destaca-se ainda neste cenário, a relevância da formação em enfermagem, uma vez que o enfermeiro, na maioria das vezes, assume a posição de gestor dos serviços de saúde, desta forma, deve ser oportunizado na academia experiências como estás, que possibilitam expandir a percepção do acadêmico sobre a complexidade e responsabilidade do enfermeiro. Neste ínterim, torna-se necessário a inserção dos acadêmicos em diferentes cenários de gestão em saúde.
Palavras-chave: Gestão em saúde; Serviços de saúde; Sistema Único de Saúde.