HUMANISMO, CIÊNCIA E EDUCAÇÃO: O FRACASSO DAS FORMAS DE DOMESTICAÇÃO CLÁSSICAS
Resumen
O pano de fundo deste artigo é a ideia de que uma (re) apropriação do humano e a consequente superação do humanismo clássico encontra-se na ciência/técnica, na medida em que possibilita ao ser humano lançar (um novo) olhar sobre si mesmo e no mundo como nunca antes foi possível. Para tanto, o humano precisa ser (re) pensado à luz da técnica. Sloterdijk percebe a urgência dessa necessidade e o que faltou no pensar heideggeriano, ou seja, é a partir de Sloterdijk que se procura colocar sobre novas bases a ideia de técnica em Heidegger. Contudo, antes disso, serão apresentadas algumas considerações a respeito da técnica/tecnologia e posições de autores com respeito ao problema da técnica com o intuito de que esse procedimento ajude a demarcar e compreender-se melhor a discussão e o problema que está sendo proposto. Essa demarcação implica, necessariamente, o reconhecimento de que proposta humanista somente pode ser pensada como sendo, em si mesma, uma forma de domesticação; da qual deriva, pura e simplesmente, todas as formas de educação. Por outro lado, a aceitação dessas hipóteses deve implicar, necessariamente, na ideia de que a superação do humanismo clássico somente será implementável/possível na medida em que a ideia de educação dos animais não humanos seja, necessariamente, pensada a luz das novas técnicas/ciências disponíveis. Em outras palavras, aquelas de Sloterdjik, antropologia pensada a luz da ciência/técnica, i.e., como antropotécnica. Assim, também, ao serem usados os adjetivos crise e fracasso, bem como o substantivo domesticação para referir-se ao humanismo clássico, entende-se que tais adjetivos aplicam-se integralmente à educação.
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