HERDEIROS DOS PAMPAS

DESIGNAÇÃO ROCK GAÚCHO

Autores

  • Natal Canalle Junior UFFS/ SEDUC

Resumo

A pesquisa propõe-se a analisar a constituição discursiva do Rock Gaúcho, com foco na designação “gaúcho” em sua articulação com o gênero musical rock. Fundamentado na Análise do Discurso (AD) de orientação francesa, especialmente em Michel Pêcheux e Eni Orlandi, o estudo busca compreender como se entrelaçam memória, imaginário e identidade cultural nas letras de músicas compostas entre as décadas de 1960 e 2000 por bandas emblemáticas do Rio Grande do Sul, como Engenheiros do Hawaii, Almôndegas, Ultramen e Graforréia Xilarmônica. Parte-se da hipótese de que os sentidos de “rock” e “ser gaúcho” são historicamente construídos e ideologicamente disputados, revelando tensões entre o imaginário tradicionalista regional, ligado à figura do gaúcho e à herança farroupilha, e o imaginário moderno e globalizado do rock, associado à juventude e à rebeldia. Metodologicamente, a análise concentra-se em cinco Sequências Discursivas (SDRs) extraídas das letras, observando regularidades, contradições e efeitos de sentido. Canções como O Papa é Pop, Peleia, Herdeiro da Pampa Pobre e Amigo Punk evidenciam o modo como o discurso do Rock Gaúcho produz uma identidade híbrida, marcada por deslocamentos entre tradição e modernidade. Os resultados indicam que esse discurso opera como espaço de negociação simbólica, no qual o sujeito gaúcho é reconfigurado pela linguagem e pela cultura popular. Conclui-se que o Rock Gaúcho constitui um campo de disputa de sentidos, capaz de revelar a complexidade das relações entre linguagem, ideologia e identidade no contexto da cultura brasileira contemporânea.

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Publicado

24-11-2025