O DISCURSO DA DÍVIDA NAS CRÍTICAS LITERÁRIAS DA OBRA DOM CASMURRO DE MACHADO DE ASSIS
Resumo
O presente projeto propõe uma análise de críticas literárias, buscando compreender o percurso da metáfora literária através dos anos, tendo como base a obra O Otelo barsileiro de Machado de Assis, de Helen Caldwell, na qual a autora propõe uma leitura através da metáfora do ciúme e como a referida metáfora reverberou nas críticas da obra de Machado de Assis ao longo do tempo. Para isso, nos debruçamos nos dispositivos teórico-analíticos da análise do discurso, mais precisamente ao que se refere às memórias discursivas e/ou interdiscursividade. A obra de Helen Caldwell surge 6 décadas após a publicação de Dom Casmurro, propondo uma comparação com a obra Otelo, de William Shakespeare com uma leitura que dissolve alguns estereótipos propostos pelo narrador do romance a respeito da personagem Capitu. A partir disso, buscaremos identificar em algumas críticas publicadas ao longo do último século, possíveis mudanças na leitura da personagem, que indiquem a influência do trabalho de Caldwell. Para sustentar esta pesquisa utilizaremos algumas críticas concernentes ao romance machadiano, sendo uma anterior a publicação de O Otelo brasileiro de Machado de Assis, intitulada O novo livro do senhor Machado de Assis, de Luiz Veríssimo, publicada em 1900, e as demais publicadas ao decorrer do último século, respectivamente por Roberto Schwarz, em 1990, por Silviano Santiago, Retórica da Verossimilhança, pelo professor João Cezar de Castro e Rocha, em 2004, e pela jornalista Isabella Lubrano, em 2015. As referidas obras surgem nesta pesquisa com o intuito de identificar a presença da metáfora do ciúme, proposta inicialmente em 1960 e seu percurso, recepção e mudanças até os dias atuais. A relevância desta pesquisa justifica-se por sua contribuição, ao que diz respeito a influência da crítica literária na disseminação dos discursos, neste caso, através da metáfora do ciúme, que por sua vez carrega um importante papel social, ao propor uma nova leitura de uma personagem subjugada através da ótica de uma sociedade patriarcal, dominante na época em que o romance foi escrito.
