MEMÓRIA E MONUMENTALIDADE
"O DESBRAVADOR" COMO DISPOSITIVO DISCURSIVO EM CHAPECÓ
Palavras-chave:
analise do discurso critica, Memória, Colonialidade, cidade, imaginárioResumo
Este estudo procura realizar uma análise crítica dos discursos que envolvem o monumento “O Desbravador”, com o intuito de identificar efeitos de sentido que eles produzem e as relações de poder que os sustentam. Partindo do incômodo diante da monumentalização de narrativas que celebram colonizadores como heróis, pressupõe-se que esse artefato funcione como um dispositivo linguístico que naturaliza exclusões históricas dos povos indígenas e silencia as mulheres. A análise de discurso, fundamentada nos estudos de Pêcheux, Courtine, Orlandi, Guimarães, Venturini, orienta a pesquisa e fornece ferramentas para interpretar um corpus composto pelo monumento “O Desbravador” enquanto objeto físico, documentos institucionais, discursos públicos e registros midiáticos. A análise articula três eixos: i) a monumentalização como acontecimento discursivo que cristaliza uma memória selecionada; ii) a relação entre corpo, texto e imaginário urbano na construção simbólica do monumento; iii) os mecanismos ideológicos que sustentam exclusões e silenciamentos. Busca-se compreender mecanismos simbólicos que mantêm essa lógica colonial no espaço público, analisando as estratégias discursivas que reforçam sentidos específicos e ocultam outras narrativas, propondo uma reflexão crítica sobre a possibilidade de narrativas mais plurais. Os resultados demonstram que o monumento atua como um museu de memória colonial, exaltando o progresso e o pioneirismo, ligados à ocupação eurocêntrica, enquanto omite violências e disputas territoriais. Conclui-se que a monumentalização é um ato político de seleção da memória, sustentado por relações de poder que perpetuam imaginários coloniais no espaço urbano. A pesquisa contribui para os estudos críticos da memória discursiva ao mostrar como discursos materializados em monumentos reproduzem desigualdades, propondo a desnaturalização desses artefatos como caminho para políticas de memória mais democráticas.
