COLONIALIDADE DO PODER, SABER E GÊNERO NO BRASIL IMPÉRIO
ANÁLISE DOS DISCURSOS PATRIARCAIS QUE PRECEDERAM A PRIMEIRA LEI EDUCACIONAL BRASILEIRA
Palavras-chave:
colonialismo, escolarização, história da educação, mulheres, patriarcadoResumo
Tendo em vista que as reminiscências coloniais não foram superadas com o fim da experiência colonial e se corporificam nos contextos político, econômico, epistêmico e ontológico, reafirmamos a compreensão sobre a colonialidade como um dos eixos do sistema de poder que atravessa a produção de conhecimento e, como tal, se assenta nas interações (inter)subjetivas estabelecidas a partir das posições sociais dos sujeitos, de suas identidades e das relações de poder e de saber que as permeiam. Sob essa perspectiva, nos propomos a analisar os discursos dos parlamentares do Império do Brasil durante sessões em que foram discutidas as disposições da Lei das Escolas de Primeiras Letras, de 15 de Outubro de 1827, a fim de identificar as reverberações históricas, sociais, políticas e epistêmicas de tais discursos patriarcais, colonialistas e machistas. Em face do construto ideológico que representam, os discursos analisados reproduzem e impõem a língua, a cultura, a religião e a forma de governo do colonizador (colonialidade do poder); selecionam os conhecimentos escolares e organizam o currículo conforme os moldes do colonizador (colonialidade do saber); conferem ao colonizador o status de líder, ídolo e herói (colonialidade do ser); segregam e excluem as mulheres dos espaços de produção de conhecimento (colonialidade de gênero). A partir disso, compreendemos que o patriarcado, o machismo e a misoginia, atrelados a todo o combo de agressões – físicas, verbais, morais, éticas, intelectuais, epistêmicas, emocionais, financeiras, patrimoniais, etc. – de tais eixos de opressão têm incidido de modo ainda mais cruel sobre as mulheres não-europeias, não-brancas; não-heterossexuais e que não integram a elite hegemônica.
