TRANSAUTISMO
AS POLÍTICAS DE INCLUSÃO QUE SILENCIAM CORPOS DISSIDENTES
Palavras-chave:
Transautismo, Políticas Educacionais, Interseccionalidade, Governamento, NormatizaçãoResumo
A pesquisa parte da vivência situada de uma mulher trans autista e problematiza as políticas públicas educacionais brasileiras que, embora apresentem um discurso progressista de inclusão, operam como dispositivos de governamento que classificam, regulam e silenciam corpos dissidentes. Fundamentada nos caminhos metodológicos pós-críticos e teorizações foucaultianas, a investigação problematiza os discursos de inclusão que imperam enquanto técnicas de governamento, ignorando as intersecções entre deficiência, gênero e neurodivergência e postulando normatização dos indivíduos, prescrevendo quem são e como são. Nesse sentido, políticas como a LDB, a BNCC, o PNE e a PNEE, ao adotarem uma lógica universalista e neutra, produzem processos de in/exclusão, incluindo para excluir sujeitos que escapam à norma.
Com um caminhar investigativo implicado e situado, a pesquisa valoriza o lugar de fala como campo de saber e resistência, mobilizando experiências e teorizações para tensionar os discursos oficiais de inclusão. Os dados parciais revelam que a categoria “aluno com deficiência” é tratada de forma desgenerificada e cisnormativa, apagando existências como a da mulher trans autista. A interseccionalidade, embora fundamental para compreender as múltiplas camadas de opressão, segue marginalizada nas políticas educacionais. Assim, a inclusão escolar é desvelada como um mecanismo de regulação e silenciamento que, sob a aparência de acolhimento, reforça desigualdades estruturais e torna ilegíveis os sujeitos que não se enquadram nas normatividades vigentes.
