A CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA A PARTIR DA INFLUÊNCIA DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS

Resumo

A construção do currículo escolar vem sofrendo diversas formas de influência, principalmente a partir dos anos de 1990 no Brasil. Nesse contexto, enfatizamos a utilização das avaliações externas como forma de acompanhamento dos estudantes e do ensino na Educação Básica, com a premissa de buscar mecanismos para a construção de políticas públicas para a melhoria do ensino brasileiro.

Nesse período foi criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), e, posterior, em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que vem a integrar o SAEB como uma das avaliações que visam integrar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Também, destacamos a ampliação das avaliações de âmbito internacional, a partir da realização do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que é organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estendendo os laços entre a Educação nacional e as questões econômicas mundiais.

Tais relações e construções se configuram como impacto direto na organização do currículo brasileiro. No que tange ao currículo da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (CNT), o ENEM e o PISA são avaliações que contemplam questões para a área, diferentemente de outras provas, como a Prova Brasil. Diante disso, na presente pesquisa estamos direcionando nossos olhares para investigarmos a construção do currículo escolar para a área de CNT, principalmente no que tange às escolhas, quanto aos conteúdos, tendo em vista o caráter de cobrança e condicionador das práticas pedagógicas no currículo em ação (Geraldi, 1994).

As avaliações externas têm sido determinantes no que se refere ao acompanhamento e construção das políticas curriculares. Porém, os testes não podem reduzir a qualidade da educação a meros índices e rankings (Amestoy; Tolentino-Neto, 2020), devido a questões próprias do local que a escola se insere e das questões curriculares que envolvem a educação de cada região e país, principalmente se tratando das políticas públicas relacionadas à educação, que não podem ser exclusivamente orientadas pelas avaliações externas, ou seja, pela testagem dos alunos, ou por decisões que afetam a escola, com um caráter simplista e reducionista (Silva et al., 2023). O que muitas vezes leva a testes padronizados sem um retorno adequado à escola (Amestoy; Tolentino-Neto, 2020, p. 836), principalmente apontando as melhorias que podem ser feitas, a formação continuada necessária para os professores e em políticas públicas que visitem o real contexto escolar, com investimentos adequados.

 Com isso, temos como objetivo no presente trabalho discutir as relações estabelecidas entre o processo de construção do currículo da área de CNT e as influências estabelecidas pelas avaliações externas. Nessa escrita, visamos possibilitar o debate acerca dos conhecimentos envolvidos no processo.