UM OLHAR DISCURSIVO SOBRE A ESCULTURA “ANGELS UNAWARES”

UMA CARTOGRAFIA DE CORPOS-MIGRANTES-REFUGIADOS EM TRAVESSIA

Autores

  • Mary Stela Surdi UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul
  • MARCIA IONE SURDI UNOCHAPECO
  • ROSELAINE DE LIMA CORDEIRO

Palavras-chave:

Corpos-migrantes-refugiados; Travessia; Hos(ti)pitalidade; Cartografia; Fluxos migratórios.

Resumo

Neste estudo voltamos nosso olhar para uma escultura que nos remete a caminhos diversos percorridos por sujeitos de diferentes lugares e culturas. Trata-se da escultura “Angels Unawares”, obra em homenagem ao 105º Dia Mundial do Migrante e Refugiado, criada pelo artista e escultor canadense Timothy Schmalz, em 2019, e que está exposta na Praça São Pedro, no Vaticano. Teoricamente nos pautamos em uma perspectiva discursiva advinda da Análise de Discurso em interface com a Desconstrução. Em nossos gestos de interpretação, designamos os sujeitos da cena discursiva da escultura como “corpos-migrantes-refugiados”, pois são corpos amalgamados pelo bronze que performam uma cena de travessia e que estão amontoados em barcos, balsas e jangadas. Desse modo objetivamos mostrar um certo funcionamento discursivo de uma determinada materialidade significante que ressoa uma memória discursiva sobre os fluxos migratórios. Interpretamos que a escultura encapsula múltiplas narrativas de travessia, cada corpo representando uma história de migração forçada ou voluntária. Esse amálgama de histórias individuais compõe uma cartografia de corpos que destacam a complexidade e a diversidade das jornadas migratórias. No bronze duradouro da escultura, os corpos-migrantes-refugiados são rememorados, contrastando com a fragilidade de suas vidas em travessia. Sob as vestes de um discurso que busca evocar sacralidade, mobiliza-se uma passagem bíblica e se traz a representação da figura das asas de um anjo na escultura. Tratar-se-ia, assim, de um olhar que consideramos reducionista porque silencia as condições materiais e políticas que causam as travessias, principalmente aquelas decorrentes de deslocamentos forçados. Um silenciamento que pode sugerir complacência, aceite ou concordância com essas condições e que, contraditoriamente, traz à tona a necessidade de se olhar com mais atenção para a questão dos fluxos migratórios e o tratamento que é dado a esse outro, que é estranho, estrangeiro, migrante, refugiado.

Biografia do Autor

  • MARCIA IONE SURDI, UNOCHAPECO

    mestre a doutora em Letras – Estudos Linguísticos (UFSM). Realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Letras (Unioeste - Cascavel), com apoio CNPQ/Fundação Araucária. É docente na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó).

  • ROSELAINE DE LIMA CORDEIRO

    Secretária Executiva na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Doutoranda e mestra em Estudos Linguísticos pela UFFS - Campus Chapecó. Graduada em Letras Português e Espanhol – Licenciatura pela mesma IES. Bacharel em Secretariado Executivo e Especialista em Assessoria Executiva pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Desenvolve pesquisas em leitura e mediação de leitura de textos.

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Publicado

24-11-2025