ESTRESSE NA INFÂNCIA, FKBP51 E MECANISMOS BIOLÓGICOS DE VULNERABILIDADE À DEPRESSÃO
POTENCIAL TERAPÊUTICO DA CANNABIS SATIVA
Palavras-chave:
Estresse no Início da Vida, Cannabis sativa, Transtorno Depressivo MaiorResumo
O transtorno depressivo maior (TDM) é um dos transtornos mentais mais prevalentes e incapacitantes no mundo, afetando a funcionalidade e a qualidade de vida de milhões de indivíduos. Entre os principais fatores de risco para seu desenvolvimento estão os traumas vivenciados na infância e adolescência, considerados eventos adversos capazes de modificar, de forma duradoura, os mecanismos biológicos de resposta ao estresse (MCINTYRE et al., 2014). A exposição precoce ao estresse pode induzir disfunções no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), aumentando a vulnerabilidade ao desenvolvimento de sintomas depressivos graves e recorrentes na vida adulta (AL-HARBI, 2012).
Um fator crítico associado à depressão resistente ao tratamento (DRT) é a resistência aos glicocorticoides, reguladores centrais do eixo HPA. A imunofilina FKBP51 (FK506 binding protein 51) é uma proteína chaperona que regula negativamente a sensibilidade ao receptor de glicocorticoide, e sua expressão exacerbada tem sido associada à diminuição da plasticidade neuronal, à redução da neurogênese e ao envelhecimento celular (RUBERTO; JHA; MURROUGH, 2020). A inibição seletiva da FKBP51 tem sido explorada como estratégia terapêutica para casos de TDM e DRT.
Dentre os compostos com potencial antagonista à FKBP51 destaca-se o canabidiol (CBD), principal componente não psicoativo da Cannabis sativa. O CBD tem demonstrado efeitos neuroprotetores e antidepressivos em modelos animais de estresse crônico, com vantagens farmacológicas em relação aos inibidores sintéticos, especialmente no que se refere à toxicidade e segurança (MRAZEK et al., 2014).
Neste contexto, esta revisão de literatura tem como objetivo apresentar e discutir os principais mecanismos biopsicossociais associados à vulnerabilidade à depressão em modelos animais submetidos a estressores precoces, bem como explorar o potencial terapêutico do óleo de canabidiol como alternativa aos antidepressivos convencionais, com ênfase em seu efeito modulador sobre a FKBP51.
