ANSIEDADE NOS ÚLTIMOS TRÊS MESES DE GESTAÇÃO EM PUÉRPERAS

Autores

  • Nandara Pradella UFFS
  • Marina Suelen Trevison Dariff
  • Taísa Pereira da Cruz
  • Renata dos Santos Rabello Bernardo
  • Ivana Loraine Lindemann
  • Jossimara Polettini
  • Gustavo Olszanski Acrani

Palavras-chave:

Ansiedade, Gestação, Puerpério

Resumo

A gestação envolve mudanças físicas e emocionais que podem gerar efeitos positivos ou negativos. A ansiedade, embora comum, refere-se à antecipação de ameaças mesmo sem certeza de sua ocorrência. Quando intensa e prolongada, pode afetar o feto, pois hormônios liberados atravessam a barreira placentária, elevando o risco de baixo peso ao nascer, menor Apgar, prejuízos no desenvolvimento e efeitos duradouros na saúde física e mental da gestante. O objetivo do presente trabalho foi verificar a prevalência de ansiedade gestacional nos últimos três meses da gestação e a relação com variáveis sociodemográficas, comportamentais e clínicas em puérperas. A coleta dos dados foi realizada através da aplicação de um questionário na maternidade do Hospital Regional do Oeste, em Chapecó/SC, no período de junho de 2024 a junho de 2025. A população consiste em puérperas de qualquer idade, que estavam internadas no referido hospital durante o período mencionado e que atenderam os critérios de inclusão. O desfecho do estudo (variável dependente), ansiedade gestacional, foi aferida através da seguinte pergunta: “nos últimos três meses da gravidez você se sentiu ansiosa?” com as seguintes alternativas de resposta: “nunca”, “às vezes”, “na maior parte do tempo” e “sempre”. As respostas foram categorizadas em dois grupos, sendo um grupo composto pelas respostas “nunca” ou “às vezes” e outro formado por aquelas que responderam “a maior parte do tempo” ou “sempre”.  As variáveis de exposição (independentes) analisadas foram: faixa etária, escolaridade, trabalho, município de residência, cor da pele, situação conjugal, benefício social e se a gestação foi planejada. Além dessas, foram avaliadas antes e durante a gestação as variáveis relacionadas ao tabagismo, consumo de bebida alcoólica, uso de drogas, prática de atividades físicas, qualidade do sono, diagnóstico de diabetes mellitus e de hipertensão arterial sistêmica. Os dados foram duplamente digitados e após validação foi realizada a análise estatística descritiva, considerando as frequências absolutas e relativas de todas as variáveis. Foi estimada a prevalência do desfecho, e verificou-se a sua distribuição em relação às variáveis independentes pelo teste de Qui-quadrado de Pearson (erro α de 5%). Foram incluídas 126 puérperas, em sua maioria com idade entre 21 e 34 anos (83,3%), com alta escolaridade (61,9%), residentes em Santa Catarina, especialmente em Chapecó (72,2%), com companheiro (89,7%), sem benefícios sociais (73,8%) e que não planejaram a gestação (52,4%). Nas análises dos dados sociodemográficos das puérperas e sua relação com a ansiedade gestacional nesse período, todas as variáveis apresentaram valores de p superiores a 0,05, indicando que não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos avaliados. Além disso, ao se considerar as características comportamentais e as condições clínicas das puérperas, observou-se diferença significativa apenas para a variável atividade física durante a gestação, sendo observada uma maior frequência de mulheres com ansiedade gestacional na maior parte do tempo ou sempre, entre aquelas que praticaram atividades físicas durante a gestação (54,5%, p=0,008). No entanto, o que foi observado pode ser um viés de causalidade reversa, característica dos estudos transversais. Ou seja, é possível que as puérperas, que já apresentavam níveis mais elevados de ansiedade, tenham buscado praticar atividades físicas, seja por recomendação médica ou por vontade própria, com o objetivo de auxiliar no controle dos sintomas, o que resultaria em uma maior adesão à prática.

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Publicado

24-11-2025