LEVANTAMENTO DE ANUROS EM DIFERENTES AGROECOSSISTEMAS E POTENCIAL PARA BIOCONTROLE E BIOINDICAÇÃO

Resumo

O modelo agrícola convencional, baseado no uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, tem causado sérios impactos ambientais e à saúde, além de não resolver efetivamente o problema da fome. Em contraposição, a agricultura ecológica busca integrar saberes científicos e populares, promovendo a biodiversidade e a sustentabilidade social e econômica. Neste contexto, a pesquisa analisou como diferentes usos do solo influenciam a qualidade ambiental, utilizando anuros como bioindicadores por sua sensibilidade a poluentes e alterações físicas. O estudo foi realizado em três áreas do Paraná: uma de ecossistema natural (Vila Velha), uma de agricultura convencional (Sítio Cavernoso) e uma de agricultura agroecológica (Sítio Recanto Feliz). Entre janeiro e maio de 2025, as coletas semanais identificaram oito espécies de anuros. A agricultura convencional apresentou maior número de espécies (seis), seguida pela agroecológica (três) e pela natural (duas). Contudo, ao ajustar os dados pela área amostrada, observou-se maior densidade e diversidade de espécies na área agroecológica. A análise de correspondência canônica indicou que espécies especialistas, como Phyllomedusa tetraploidea e Leptodactylus mystacinus, estão associadas a ambientes preservados e períodos chuvosos, enquanto espécies generalistas, como Dendropsophus minutus e Boana faber, predominam em áreas alteradas. Conclui-se que, embora áreas convencionais possam servir como refúgio temporário, é essencial conciliar práticas agrícolas com a conservação ambiental. A preservação de áreas naturais e o manejo sustentável das áreas cultivadas são fundamentais para manter a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, contribuindo inclusive para uma produção agrícola mais equilibrada e resiliente.