A RESPOSTA DE BERGSON À NOÇÃO DE IDENTIDADE PESSOAL DE HUME
Palavras-chave:
Hume, Bergson, Identidade pessoal, EuResumo
O presente estudo tem por objetivo investigar como a filosofia de Henri Bergson (1859-1941) pode oferecer uma resposta e um avanço em relação à noção de identidade pessoal formulada por David Hume (1711-1776). Para tanto, contrapomos as perspectivas de ambos os autores para observarmos quais foram as limitações que impediram Hume de avançar no tema; e quais as colaborações e avanços de Bergson para o avanço dos argumentos em favor do eu. Identificamos limitações próprias da teoria de Hume que o impedem de avançar no tema, concedendo às suas explicações sobre nossa crença em sermos uma e a mesma pessoa ao longo do tempo a noção de uma ficção da imaginação; o eu é, portanto, uma ficção gerada pela imaginação mediante as associações de ideias. Observamos que, em Bergson, há uma crítica à noção associacionista da mente sob a perspectiva de que esta gera uma sombra do eu. Esta sombra pode ser comparada com o eu ficcional de Hume. Além disso, Bergson distingue entre o eu superficial e o eu profundo que, igualmente, revelam uma crítica à noção associativa por representar uma superfície do eu. A origem do equívoco humeano é identificada como situada em um dos princípios da sua filosofia, a descontinuidade. A partir de uma crítica à fundamentação da descontinuidade em Hume, elaboramos uma ponte à continuidade em Bergson, demonstrando como a ficção do eu, expressa por Hume, denota apenas a superfície do eu, não a sua profundidade que, para Bergson é pura duração. Respondendo à descontinuidade perceptiva pela noção de "educação dos sentidos", Bergson revela as ilusões do equívoco de Hume a respeito da descontinuidade e formula sua perspectiva da intuição da continuidade da duração. Assim, enquanto o ceticismo circunscreve a teoria de Hume, uma noção espiritualista do eu orienta a perspectiva bergsoniana do tema da identidade pessoal.
