TRANSCENDENDO FRONTEIRAS

OS GUARANI NAS FONTES ETNO-HISTÓRICAS ESPANHOLAS (Século XVI)

Resumo

Os povos Guarani são grupos Tupi que se originaram há cerca de 2.500 anos AP no sudoeste da floresta amazônica e conseguiram expandir-se para o sul por meio dos rios Paraguai, Uruguai e Paraná, chegando a ocupar uma ampla porção do sudeste da América do Sul: o leste da Bolíva, o Paraguai, o nordeste da Argentina, o Sul do Brasil e o oeste do Uruguai. A sua cultura material é reconhecida por apresentar um estilo tecnológico relativamente homogêneo, com pouca variabilidade espacial e temporal. No entanto, suas práticas de subsistência e a relação com o meio ambiente revelam uma flexibilidade,  uma vez que conseguiram sair de um ecossistema florestal e adaptar-se a uma ampla gama de contextos sociais e ambientais ao longo do tempo e do espaço. A chegada dos europeus ao continente americano foi outro evento que provocou transformações em suas práticas e em suas relações com outras sociedades. Por isso, torna-se necessário compreender tanto suas adaptações locais quanto as dinâmicas mais amplas que marcaram sua presença em toda a extensão territorial ocupada, o que nos obriga a refletir para além das fronteiras que hoje separam os países da América do Sul. Portanto, o objetivo deste trabalho é reconhecer as características das populações Guarani, sua relação com o meio ambiente, com os outros grupos indígenas e europeus, problematizando-as como vestígios de fronteiras espaciais e culturais a partir dos documentos de viagem dos espanhóis do século XVI. Adotamos os referenciais teóricos da etno-história, da História Ambiental e as análises do conceito de fronteira.