COMUNIDADE DE ALTO SÃO JOÃO E AGROECOLOGIA

Autores

  • SANDRA ELIZABETE PORTOLAN UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

Palavras-chave:

COMUNIDADE DE ALTO SÃO JOÃO E AGROECOLOGIA

Resumo

A paisagem da Comunidade Alto São João é marcada pela presença de importantes recursos naturais que sustentam as práticas agrícolas e a cultura local. Dentre eles, destaca-se o Rio Tapera, cuja presença é vital para a manutenção da biodiversidade e para o cotidiano das famílias que vivem da agricultura familiar na região. A seguir, apresenta-se uma imagem desse rio, que simboliza a conexão entre o meio ambiente e as tradições produtivas mantidas pela comunidade ao longo das gerações. A foto do Rio Tapera revela não apenas a beleza natural da paisagem local, mas também destaca a relevância desse curso d’água para a dinâmica socioprodutiva da Comunidade Alto São João. Situado nas proximidades do Rio Cavernoso, o Tapera desempenha um papel essencial no abastecimento hídrico das propriedades rurais, no cultivo da erva-mate e em outras práticas agrícolas de subsistência. Além disso, o rio representa um elo entre a natureza e a cultura local, sendo frequentemente citado pelos moradores como parte da memória coletiva e da identidade da comunidade. Sua preservação é, portanto, fundamental para garantir a continuidade das práticas agroecológicas e o modo de vida tradicional que caracterizam essa região. Esta comunidade foi escolhida para a realização da pesquisa devido à sua profunda ligação com a agricultura familiar tradicional, sobretudo com o cultivo da erva-mate, atividade que historicamente impulsionou o desenvolvimento econômico e social local, sustentando as primeiras famílias que ocuparam a região e mantendo vivas práticas produtivas em harmonia com o meio ambiente às margens do Rio Cavernoso (NASCIMENTO, 1986, p. 12).Porém, diante da crescente urbanização e dos impactos das mudanças climáticas, a comunidade enfrenta novos desafios que exigem uma reflexão crítica sobre suas práticas agrícolas e sua relação com o território. A expansão das áreas urbanas no município de Laranjeiras do Sul tem exercido pressão direta sobre o espaço rural da região, alterando o modo de vida tradicional e afetando a sustentabilidade das atividades agropecuárias (BASTOS; BASTOS, 1828). Neste cenário, a pergunta que orienta este estudo é: Como a Comunidade Alto São João pode integrar os princípios da agroecologia em suas práticas agrícolas, conciliando o desenvolvimento sustentável com a preservação ambiental e cultural, frente às transformações sociais, econômicas e ecológicas que impactam a região? A agroecologia assume aqui um papel fundamental por integrar o cuidado com a natureza e as práticas sustentáveis de manejo dos recursos naturais, ao mesmo tempo em que promove a retomada e valorização dos saberes tradicionais da produção agrícola. Dessa forma, ela não apenas busca preservar a biodiversidade e a saúde do solo e da água, mas também fortalecer a autonomia dos agricultores e a coesão social das comunidades rurais (ZANELLI et al., 2024). Este estudo tem como objetivo geral analisar as práticas agrícolas desenvolvidas na Comunidade Alto São João, considerando as ações relacionadas ao manejo do solo, cultivo, uso de insumos, conservação ambiental e organização social da produção, verificando em que medida estas práticas estão alinhadas aos princípios da agroecologia. Para isso, será necessário identificar os impactos da urbanização sobre as atividades rurais, avaliar as condições ambientais do território, compreender a percepção dos agricultores acerca dos desafios atuais e investigar quais práticas agrícolas já dialogam com os princípios agroecológicos, buscando, finalmente, propor recomendações que subsidiem a adoção de práticas sustentáveis e alinhadas à agroecologia. Assim, a pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender as dinâmicas socioambientais da Comunidade Alto São João e contribuir para a continuidade da agricultura familiar de forma sustentável, ampliando a função social do trabalho rural e subsidiando políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável. 

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Publicado

24-11-2025