A MÚSICA MISSIONEIRA DE CENAIR MAICÁ

Autores

  • Miguelângelo Corteze IFRS
  • Antonio Marcos Myskiw UFFS/Chapecó
  • João Carlos Tedesco Colaborador UFFS/Chapecó e UPF/Passo Fundo

Palavras-chave:

História agrária; Música missioneira; Movimentos populares.

Resumo

Este estudo integra uma pesquisa de doutorado em História, em andamento, no qual a música de Cenair Maicá está no centro, como parte de um movimento maior que chamaremos de “Movimento Cultural Missioneiro”, surgido na década de 1960 na região das Missões do Rio Grande do Sul. Barbosa (2014) afirma que a criação da música missioneira foi uma atitude dos “Quatro Troncos Missioneiros”, pois estavam insatisfeitos com o que havia de música naquele Estado. Ela se diferenciava do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) pelo seu tom de protesto e se aproximava dos movimentos rurais camponeses, que também se organizavam nesse período. Cenair Maicá e sua produção musical foram escolhidos, neste estudo, na busca por evidenciar sua contribuição na gestação e fortalecimentos dos movimentos rurais camponeses até a década de 1980, ou seja, como o “Movimento Cultural Missioneiro” participou como caminho para o fazer-se dos movimentos rurais camponeses.

Cenair Maicá foi um dos “Quatro Troncos”, junto com Jayme Caetano Braun, Noel Guarany e Pedro Ortaça. Cenair viveu na região de fronteira entre Argentina e o Brasil (Portalete, 2021), o que nos leva a compreender o caráter latino-americano de suas músicas. Essa condição favorecia ao reconhecimento de uma história comum dessa região, pela circulação dos habitantes que frequentemente cruzavam, construindo um pertencimento que transitava tanto de um lado, como do outro do rio Uruguai. Tal movimentação possibilitava enxergar uma realidade social paralela sobre o processo de exclusão social dos camponeses e dos povos originários.

Suas músicas passaram a ser reconhecidas porque denunciavam as mazelas da população camponesa, como na música “Terra Vermelha” (1980) onde o pão era dividido e a terra era o elemento. Esta música transmitia sentido, assim como a mística do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) com a gaita do Adão Preto, como diz Marcon (2021) que, sem essa base, o Acampamento Natalino não teria sobrevivido. Zarth (2002) afirma que o acesso à propriedade da terra é um elemento central para o estudo da história agrária brasileira, problema apontado pelos movimentos rurais camponeses entre as décadas de 1960 e 1980 que passaram a questionar cada vez mais aquela realidade de exclusão (Tedesco, 2007).

Biografia do Autor

  • Miguelângelo Corteze, IFRS

    Doutorando em Fronteiras, Movimentos Sociais e Poder PPGH/UFFS 2024/02. Mestrado em Educação nas Ciências - UNIJUI/2010 (RS); Pós-Graduado em Ciências Sociais - Celler Faculdades/2009 (SC); Graduado em História Licenciatura Plena - Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso/1991 (MS). Professor de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - IFRS/Campus Erechim

  • Antonio Marcos Myskiw, UFFS/Chapecó

    Orientador e Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Docente efetivo e coordenador do Programa de Mestrado em História, da UFFS, Campus Chapecó "Fronteiras, Migrações e Sociedades".

  • João Carlos Tedesco, Colaborador UFFS/Chapecó e UPF/Passo Fundo

    Co-Orientador e Doutor em Ciências Sociais (Unicamp - 1998). Doutor em Ciências Sociais (Universitá Degli Studi di Verona – Itália 2003 e 2011). Docente colaborador do PPGH da Universidade de Passo Fundo (UPF) e da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS). 

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Publicado

24-11-2025