QUALIDADE AMBIENTAL E PRESENÇA DE CONTAMINANTES EM NASCENTES DO REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE DOS CAMPOS DE PALMAS

Resumo

Este trabalho investigou a qualidade das águas e sedimentos das nascentes localizadas no Refúgio de Vida Silvestre Campos de Palmas (RVS-CP), no Paraná, com foco na avaliação dos impactos ambientais decorrentes das atividades agropecuárias na região. Foram realizadas análises físico-químicas, microbiológicas e macroscópicas, além da quantificação de metais pesados e agroquímicos, visando compreender os fatores que influenciam a qualidade hídrica e propor medidas de manejo e conservação. As nascentes N1 e N2 apresentaram condições ambientais relativamente preservadas, com índices de qualidade da água classificados entre “boa” e “ótima”, indicando parâmetros satisfatórios para a maioria das variáveis analisadas. Em contraste, a nascente N3 evidenciou degradação ambiental significativa, caracterizada por elevada turbidez, deterioração da vegetação ripária e presença de resíduos sólidos, especialmente embalagens de agrotóxicos, sugerindo intensa influência antrópica. Esses resultados destacam a necessidade de intervenções focadas na recuperação e proteção das áreas de afloramento. As análises químicas revelaram concentrações elevadas de alumínio e zinco na água, provavelmente decorrentes da interação entre características naturais do solo e o impacto das práticas agrícolas na região. Nos sedimentos, os níveis de metais pesados mantiveram-se dentro dos limites legais, indicando menor contaminação nessa matriz. No entanto, a detecção de resíduos agroquímicos em ambas as matrizes reforça a vulnerabilidade dos ecossistemas aquáticos locais frente ao uso intensivo de defensivos agrícolas. Os compostos glifosato e AMPA não foram detectados nas amostras, embora esta ausência possa ser atribuída aos limites de detecção dos métodos analíticos, não descartando a presença em concentrações inferiores aos limites permitidos pelas normativas vigentes. Foram identificados na nascente N3 os fungicidas Azoxistrobina e Trifloxistrobina, além do inseticida Tiametoxam, substâncias associadas à agricultura local e reconhecidas pelos potenciais efeitos tóxicos sobre a biodiversidade, especialmente polinizadores. Nos sedimentos, foram encontrados fungicidas como Carbendazim, Difenoconazol, Tebuconazol e Trifloxistrobina, que podem ser remobilizados em condições ambientais adversas, elevando os riscos à qualidade da água. Este estudo evidenciou a importância do monitoramento contínuo da qualidade hídrica e da adoção de práticas agrícolas sustentáveis para mitigar os impactos negativos dos agroquímicos e preservar os recursos naturais do RVS-CP. Recomenda-se a implementação de medidas como controle da erosão, recuperação da vegetação ripária e restrição do uso de defensivos nas áreas próximas às nascentes, além do fortalecimento das políticas públicas voltadas à proteção dos ecossistemas aquáticos. Por fim, a pesquisa reforça a necessidade de integrar conservação ambiental e desenvolvimento sustentável, garantindo a manutenção da qualidade da água e a proteção da biodiversidade local, fatores essenciais para a saúde dos ecossistemas e para a segurança hídrica da população regional.