DESENVOLVIMENTO HUMANO NA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL

  • Júlia Carolina Vizzotto De Conto UFFS
  • Hodávio José Siga
  • Adriana Salete Loss

Abstract

Sabe-se que um processo de transformação ocorre em todos os seres humanos, desde sua concepção até o término da vida. Muitos teóricos, para fins de estudos, dividem o desenvolvimento humano em períodos, e encontramos diversas definições na literatura. Em qualquer discussão envolvendo desenvolvimento humano, atribui-se a difícil tarefa de conceituar este termo, uma vez que as divisas que limitam essa área de estudo são vagas e líquidas, sendo contestada por diversos autores.

Mas a necessidade de trazer aspectos socioculturais nas pesquisas em desenvolvimento tem sido cada vez mais destacada. Diversos autores, em épocas diferentes vem representando a abordagem sociocultural, que de acordo com Moura e Ribas (2006, p. 130), “está centrada no estudo do desenvolvimento humano enquanto um processo que se dá nas interações sociais e foi bastante influenciada pelas contribuições de L. S. Vygotsky (1896-1934)”, além de estudos interdisciplinares que englobam a área social, psicológica e biocomportamental ao buscar entender os fenômenos relacionados ao desenvolvimento humano.

Neste estudo, o objetivo é dialogar brevemente sobre desenvolvimento humano, através de uma abordagem teórico-reflexiva de natureza bibliográfica, como tentativa de pensar mesmo que rapidamente, o desenvolvimento além da periodização, favorecendo uma visão mais integrada e dialógica.

Papalia, Olds e Feldman (2006, p. 48) afirmam que a ideia “de que o desenvolvimento continua depois da infância é relativamente nova”. Os estudos dos ciclos da vida “surgiram a partir de programas destinados a acompanhar crianças até a idade adulta”, e “à medida que estes estudos se estendiam à vida adulta, os cientistas do desenvolvimento começaram a se concentrar em como determinadas experiências, vinculadas a tempo e lugar, influenciam o rumo das vidas das pessoas”. Deste modo, hoje, os cientistas do desenvolvimento, ou a maioria deles, reconhecem que o desenvolvimento é um processo vitalício que se dá durante toda a vida.

Dessen e Junior (2005, p. 11), destacam que de acordo com a lógica das inter-relações “entre os diferentes níveis dos sistemas em desenvolvimento”, uma das incumbências básicas da ciência do desenvolvimento deve ser a compressão de como o comportamento singular do sujeito estabelece comunicação com outras esferas do seu entorno, além de delinear as características dessas relações que são significativas para o desenvolvimento.

Atualmente, estudiosos do desenvolvimento são confrontados com novos desafios, ao estabelecer o caráter interdisciplinar no estudo do desenvolvimento humano, fazendo com que reflitam e busquem uma linguagem que estimule e facilite a interação entre estudos com vieses sobre o tema, ultrapassando o reducionismo evolutivo.

            Embora a natureza estática do desenvolvimento humano vinha sendo enfatizada há muito tempo e ainda pesquisas continuam adotando um arranjo reducionista, tratando os fenômenos do desenvolvimento como unidades separadas, desvinculadas do contexto, é preciso pensar sobre o desenvolvimento humano levando em conta a natureza inter-relacionada e conceitos que permitam a compreensão dos sujeitos em seu contexto, ponderando o espaço e o tempo.

            Assim, conclui-se que o estudo do desenvolvimento conglomera todo o ciclo vital, trazendo significativas alterações para a amplificação científica na psicologia do desenvolvimento, apontando a necessidade de discussões mais dilatadas dos métodos de pesquisa em desenvolvimento humano. Assim, pesquisar o desenvolvimento humano sob um viés psicológico, implica também, ter em conta a evolução e a emergência do sujeito em seus diversos aspectos (psicológicos, biológicos, sociais e culturais), em permanente interação com o seu contexto que também vai se alterando e desenvolvendo.

 

Published
18-10-2022