Estágio Curricular Supervisionado

Planejamento para a Prática na Formação do Profissional de Enfermagem

  • Julia Milena Grando Carniel Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Keroli Eloiza Tessaro da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Adriana Remião Luzardo Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Aprendizagem. Educação em Enfermagem. Organizações de Planejamento em Saúde.

Resumo

Contextualização: Tendo em vista a importância das práticas de cuidado na formação dos profissionais de enfermagem e as dimensões do conhecimento, o enfermeiro deve inserir na sua vida profissional as diversas formas de aperfeiçoamento para sua formação profissional. Com isso, uma das principais maneiras utilizadas para a ampliação do conhecimento teórico das grades curriculares dos cursos de graduação em enfermagem é realizado por meio do estágio supervisionado. 

Objetivo: Relatar as vivências de acadêmicas de enfermagem experienciadas durante o componente curricular de Estágio Curricular Supervisionado (ECS) de uma universidade pública do oeste de Santa Catarina, tendo como fio condutor as dimensões do cuidado, a fim de compreender suas concepções teóricas e suas aplicações em atenção primária.

Aporte teórico: Assim, o ECS oportuniza aos acadêmicos a integração dos conhecimentos teóricos com a prática, o que é muito importante, já que viabiliza a observação e a vivência dos problemas encontrados no dia a dia dos serviços de saúde. Ainda, estimula as decisões dos estudantes a respeito das melhores condutas por meio da prática baseada nas melhores evidências, o aperfeiçoamento da comunicação com os usuários, comunidade e outros profissionais da saúde, instigando o pensamento crítico do estudante. Por meio das práticas, o estudante consegue observar os fortes e os pontos de fragilidades encontrados no ambiente de trabalho. Ademais, para que o estágio seja melhor aproveitado, é necessário que os objetivos sejam delineados, a fim de proporcionar o aprendizado necessário aos estudantes durante esse período (MENEGHETTI; COSTA; LOPES, 2022). Nessa perspectiva, muitas são as ferramentas utilizadas para delimitar e/ou delinear esses objetivos. Nesse contexto, destaca-se a realização de uma Análise Situacional em Saúde (ASIS) e um Plano de Ação (PA), como parte integrante do Planejamento Estratégico Situacional Local. No que tange a ASIS, essa refere-se ao olhar crítico e reflexivo dos acadêmicos sobre o setor de inserção e as dimensões de enfermagem envoltas em cada processo. Com base nesse instrumento de levantamento e diagnóstico, cria-se o referido PA, o qual sistematiza objetivos, metas, prazos e indicadores, especialmente projetados para a operacionalização das ações necessárias para realização do plano, sendo então chamado Projeto de Atuação, seguindo os preceitos do Planejamento Estratégico Situacional-PES (TEIXEIRA, 2010). Ambos os instrumentos são propostos no ECS como elementos obrigatórios e estes contribuem de maneira significante na formação e futura vida profissional, pois permitem realizar uma abordagem sistemática a partir da realidade local fazendo com que os acadêmicos se coloquem como protagonistas diante das dificuldades e potencialidades encontradas no território em saúde, além de propiciar a condução do processo de planejamento local em saúde.

Metodologia: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por duas acadêmicas durante o ECS no período de maio a agosto de 2022, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Chapecó-SC. Inicialmente, propõem-se pelo componente curricular a elaboração do planejamento estratégico apoiando-se na Análise Situacional de Saúde (ASIS), a qual serve de base para o levantamento de necessidades de saúde, para então eleger-se prioridades para elaboração de um Plano de Ação (PA), o qual se traduz num quadro de metas, com ações, prazos e indicadores. Estas ferramentas integraram um Projeto de Atuação para ser realizado durante os 03 meses de duração do estágio no serviço de saúde. Foi elaborado pelas acadêmicas, orientado e supervisionado pela professora e validado pela enfermeira supervisora-local e coordenadora da unidade básica. Para a elaboração do plano, as acadêmicas foram convidadas a refletir sobre as necessidades presentes no território vivo em saúde, o serviço e a equipe multiprofissional, a fim de atuarem em demandas, necessidades, problemas e/ou possíveis oportunidades percebidas no local. Com isso, elaboraram-se 4 metas a serem alcançadas, sendo elas: Contribuir com a gestão do cuidado; Fortalecer as estratégias de educação permanente e educação em saúde a profissionais e usuários, respectivamente; Seguridade social e Fortalecimento da prática baseada em evidência, cada uma voltada a uma das dimensões dos cuidados de enfermagem. Além dos dispositivos de ASIS e PA, foi orientado o uso de uma ferramenta de uso diário para registro de presenças, das atividades realizadas e da identificação da dimensão associada à/às atividades diárias. Tal medida auxiliou as acadêmicas a observarem, refletirem e apontarem as dimensões da profissão que estavam sendo trabalhadas durante o período do estágio. Este documento trazia as opções de dimensão: assistencial, gerencial, educativa, investigativa e política. Isso, oportunizou com que as acadêmicas conseguissem assinalar qual foi a dimensão mais vivenciada em cada dia e por meio disso, era possível observar as que menos estavam sendo desenvolvidas, para que pudessem ser equilibradas com as demais. 

Resultados: Realizaram-se todas as atividades planejadas e que integraram o PA, abrangendo todas as dimensões, além de algumas demandas solicitadas pelo serviço e pela própria Secretaria de Saúde, a exemplo da educação permanente realizada com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do município. Na dimensão gerencial as acadêmicas conseguiram desenvolver atividades como escalas de trabalho das ACSs, fechamento dos indicadores do previne Brasil das ACSs, redivisão de microáreas das ACSs tendo em vista o aumento dos funcionários, pedidos de materiais para o almoxarifado central e pedido de busca de resíduos da unidade. Quanto à dimensão assistencial, além de realizar procedimentos como troca de curativos, coleta de materiais biológicos e administração de medicamentos intramusculares, as estudantes atenderam consultas de enfermagem livre demanda e atendimentos voltados à saúde da mulher, em que realizaram a coleta do exame citopatológico, auxiliando também em dias que ocorreram mutirões na unidade. Ainda, as acadêmicas elaboraram atividades na dimensão educativa, por meio de capacitações com as ACS, atividades do Programa de Saúde na Escola (PSE), grupos de educação em saúde a usuários com Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. Outra atividade assistencial relevante para a formação acadêmica foi a realização do Processo de Enfermagem nas Consultas de Enfermagem e Visitas Domiciliares, por meio do registro no sistema de informação da rede municipal. A dimensão política também foi trabalhada, através da participação nas reuniões do Conselho Local de Saúde (CLS), reuniões mensais do pleno do Conselho Municipal e desenvolvimento de atividades que auxiliassem na divulgação dos requisitos que os usuários precisavam para a continuidade do recebimento do Auxílio Brasil (antigo bolsa família), em que as unidades de saúde são responsáveis pela computação dos dados antropométricos. Na dimensão de pesquisa, as acadêmicas elaboraram 2 trabalhos científicos em que foram descritos criticamente algumas das vivências que tiveram em relação ao campo de estágio. Além disso, durante o desenvolvimento das atividades as acadêmicas realizaram buscas de conteúdos em artigos e manuais ministeriais, a fim de auxiliar na prática baseada em evidências.

Considerações Finais: Ao fim do estágio, as acadêmicas conseguiram desenvolver e vivenciar as atividades que envolvessem todas as dimensões do cuidado de enfermagem, o que oportunizou um maior estímulo para a participação em diversos cenários que abrangem a profissão. A metodologia de planejamento foi essencial para que as acadêmicas pudessem se autoavaliar e pensar criticamente em cada uma das atividades desenvolvidas durante o ECS.

 

Palavras-chave: Aprendizagem. Educação em Enfermagem. Organizações de Planejamento em Saúde.



Referências 

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Articulação Interfederativa. Caderno de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores: 2013 – 2015 / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa.

Departamento de Articulação Interfederativa. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.

 

MENEGHETTI, Maylon Robson; COSTA, Luan Brenner da; LOPES, Mario Marcos. A relevância do estágio supervisionado no processo de formação do enfermeiro na graduação e o papel do docente. Revista Interdisciplinar de Saúde e Educação, v. 3, n. 1, p. 91-111, 18 jul. 2022. Disponível em: https://periodicos.baraodemaua.br/index.php/cse/article/view/185. Acesso em: 13 ago. 2022.

 

TEIXEIRA, Carmen (Org.). Planejamento em Saúde: conceitos, métodos e experiências. Salvador: EDUFBA, 2010.

Biografia do Autor

Julia Milena Grando Carniel, Universidade Federal da Fronteira Sul

Acadêmica de enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul  (UFFS), Campus Chapecó.

Keroli Eloiza Tessaro da Silva, Universidade Federal da Fronteira Sul

Acadêmica de enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul  (UFFS), Campus Chapecó.

Adriana Remião Luzardo, Universidade Federal da Fronteira Sul

Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul  (UFFS), Campus Chapecó.

Publicado
18-10-2022