PAISAGENS MARGINAIS

O CENÁRIO DO ASSALTO AO TREM PAGADOR NO CONTEXTO TERRITORIAL DA FRONTEIRA SUL-BRASILEIRA

  • Ernoi Luiz Matielo Universidade Federal Fronteira Sul - UFFS
Palavras-chave: Paisagens, Contestado, Fronteira Sul do Brasil, Zeca Vaccariano

Resumo

Este artigo faz inferências ao cenário paisagístico da Região da  Fronteira Sul do Brasil e a José Antonio de Oliveira, o Zeca Vaccariano, no contexto histórico nacional, especialmente por conta do assalto ao grupo de pagadores da Ferrovia São Paulo – Rio Grande, ocorrido em 24 de outubro de 1909, no interior do estado de Santa Catarina, no local onde mais tarde se originaria o município de Pinheiro Preto. O atentado, é um indício das relações de conflito, a luta pela terra  e a reivindicação de direitos. O trabalho guiou-se por análise bibliográfica, evidenciando-se pelo olhar de Nilson Thomé, Alzira Scapin, Wenceslau de Souza Breves, e Sônia Regina Mendonça, entre outros autores que nos proporcionam a tematização incitada pelo contexto dos acontecimentos que envolvem a relação de poder e a ocupação da terra, diante do conjunto paisagístico do Sertão catarinense, apresentando como recorte temporal o período entre 1897 e 1930. Parte de um projeto de pesquisa de mestrado, o objetivo geral deste trabalho é investigar sobre os acontecimentos que marcam a presença de Zeca Vaccariano e sua relação com o cotidiano social e paisagístico do interior catarinense. Analisa o contexto histórico e social do Assalto ao Trem Pagador, versando a contextualização sobre banditismo social, coronelismo e resistência, tendo como pano de fundo o conjunto representativo do paisagístico da Fronteira Sul do Brasil. Ao finalizarmos este trabalho, verificou-se a dinâmica dos fatos os quais concorrem para compreender que José Antônio de Oliveira, o Zeca Vaccariano, reivindicou sem sucesso os direitos os quais julgava autênticos quanto ao pagamento que a Companhia construtora da EFSPRS teria lhe negado. Observa-se ainda o desejo do personagem em fixar-se na terra, em que por diversas vezes busca legitimar suas posses, ocupando terras no Vale do Rio do Peixe e em momentos seguintes no Vale do Rio Uruguai. Zeca tem inicialmente a extração da erva-mate como fonte de renda, e após o insucesso como empreiteiro, vale-se da parte dele no assalto, para estabelecer-se como balseiro, tentando novamente a conquista da terra, pela posse em Mondaí, SC, onde é pago para deixar o local ao longo da colonização. Neste sentido observa-se as questões de fundo, que nos instigam na percepção paisagística regional, modo de vida e aspectos de construção das residências de Vaccariano, na nítida percepção de que indiferente das relações as quais concorrem seja para os conceitos de mandonismo, coronelismo ou qualquer outra forma de dominação. Ao acolher as paisagens do Sertão catarinense, na reconstrução do conjunto conceitual do cenário do Assalto ao Trem Pagador, como objeto alvo de investigação científica, cumpre-se a missão de tratar o tema com o devido rigor, tendo o entendimento de que o presente trabalho, é apenas um esboço na linha do tempo, em que as premissas vigentes são realidades de um momento, não sendo assim verdades finitas no conjunto de elementos os quais proporcionam o aperfeiçoamento constante na universalização dos saberes, diante de fatos vindouros de natureza ainda desconhecida.

Biografia do Autor

Ernoi Luiz Matielo, Universidade Federal Fronteira Sul - UFFS

* Mestrando em História pela UFFS, graduado em Jornalismo e Pedagogia, especialista (lato sensu) em nove (09) áreas do conhecimento. Atua há 26 anos em televisão, rádio, assessoria de comunicação, e marketing com passagem por emissoras da Globo e Record TV em vários estados do país. Autor de 04 (quatro) documentários nacionais, uma série de televisão, e coprodutor de um filme de ficção. É consultor em produtos audiovisuais professor universitário e palestrante. Dirigiu projetos publicitários e campanhas eleitorais. E-mail: ernoy4@hotmail.com

Publicado
18-10-2022