OTITE PARASITARIA CAUSADA POR Rhabditis freitasi EM BOVINO MESTIÇO: RELATO DE CASO

  • Sara Dacheri Kielbowicz UFFS Campus Realeza

Resumen

Contextualização: Uma das enfermidades que pode acometer o pavilhão auricular de ruminantes é a otite parasitária, comumente causada por nematódeos da família Rhabditidae, são classificados como helmintos microbívoros, saprófitos, que vivem, na pele, terra úmida, matéria orgânica em decomposição, água salgada e doce. No Brasil foram descritos o Rhabditis freitasi e o R. costai que estão presentes na flora natural da pele animal, em casos de desequilíbrio da homeostasia do organismo podem gerar infestações, caracterizando a otite clínica (SOBRAL et al., 2020). A etiologia da otite parasitária depende diretamente do formato do pavilhão auricular, ambiente, traumas e idade (VIEIRA, 1998). Objetivo: Relatar um caso de otite parasitária atendida em bovino mestiço advindo de propriedade rural localizada em Ampére - PR. Aporte teórico: Ruminantes das raças: Jersey, Gir e seus demais mestiços apresentam como padrão racial orelhas pendulares, fato que facilita o acúmulo de cerume e presença de pelos, criando ambiente quente e úmido ideal para a infestação de parasitas (CAMPOS et al., 2009). Em locais de clima tropical e subtropical observa-se que a incidência de casos aumenta (SOUZA, 2008). Ações traumáticas levam o organismo a um estado de imunossupressão e os parasitas se proliferam, e ainda abre porta para infecções bacterianas e fúngicas secundárias (SOBRAL et al., 2020). Animais de idade avançada e com cornos tem um maior acúmulo de cerume, fator facilitador para infestações (DUARTE et al., 2001). Metodologia: O atendimento foi realizado em um bovino, fêmea, mestiço, três anos, pesando 450 kg e com ECC 3 (escala de 1 a 5). Durante o exame físico geral foi observado o animal em estação, alerta e com parâmetros vitais normais para a espécie. Na anamnese o proprietário apresentou como queixa principal um aumento de volume na região entre a face e orelha. No exame físico específico foi notado sialorréia, eritema, edema do lado direito da face principalmente na parte externa da orelha. No ouvido interno existia um acúmulo de material purulento, amarronzado e de odor fétido que se misturava ao cerume, a região apresentava sensibilidade dolorosa. Para diagnóstico o material foi coletado com auxilio swab estéril armazenado em tudo de vidro, durante a análise microscópica, observou-se parasitas pequenos (fêmeas 1,5 mm e os machos 1,2 mm) corpo alongado e cilíndrico. O tratamento administrado foi: primeiramente a limpeza física da orelha externa e ouvido interno, retirando todo o material purulento com ajuda de pinça de allis e gaze. Após isso foi feita a lavagem com álcool etílico 90%, associado ao éter etílico, soluções de 1:1, e ao sulfato de cobre 2%. Em seguida foi administrado diclofenaco (1 mg/kg) por via intramuscular, cada 24 horas, durante três dias, aplicação de amoxicilina (15 mg/kg) por via intramuscular, cada 24 horas, por cinco dias associada a aplicação de doramectina (1 mg/kg) por via intramuscular, cada 24 horas, por cinco dias. Resultados: O prognóstico neste caso apresentou-se bom e quinze dias após o início do tratamento, o animal normalizou a produção de leite e a alimentação e a melhora foi progressiva até a cura.

Publicado
18-10-2022
Sección
Eixo 05: CIÊNCIAS AGRÁRIAS - Relato de Caso