ELEVAÇÃO DO NÍVEL DE ATP SISTÊMICO EM PACIENTES COM CARCINOMA MAMÁRIO

  • Eduarda Valcarenghi UFFS
  • Ana Paula Geraldi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Sarah Franco Vieira de Oliveira Maciel Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Débora Tavares de Resende e Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Câncer de mama. Sistema purinérgico. Inflamação.

Resumo

Contextualização: O câncer de mama é um problema de saúde pública mundial no tocante a alta incidência e a elevada mortalidade. Posto isso, salienta-se que a via de sinalização purinérgica caracteriza-se como um mecanismo de regulação da homeostase imunológica, e vem sendo estudada como possível alvo terapêutico em diversos tipos de câncer, incluindo o câncer de mama. Estudos demonstram a relação do sistema purinérgico com a migração e progressão tumoral. A adenosina trifosfato (ATP) é a principal molécula sinalizadora desse sistema, e é responsável por ativar os receptores P2X7, iniciando a cascata de sinalização de citocinas inflamatórias, atuando na progressão tumoral e consequentemente inibindo as metástases. Além disso, as enzimas responsáveis pela degradação dos nucleotídeos de adenosina ATP, difosfato de adenosina (ADP) e monofosfato de adenosina (AMP), a ectonucleosídeo trifosfato difosfo-hidrolase (E-NTPDase; CD39) e a ecto-5 nucleotidase (CD73) também são alvos de estudos como método terapêutico. Por fim, a enzima adenosina desaminase (ADA) converte adenosina em inosina, caracterizando o final da cadeia de hidrólise (ARAÚJO et al, 2021). Objetivo: Apresentar e discutir os resultados de quantificação de ATP extracelular e da concentração da enzima ADA, em pacientes com câncer de mama em relação ao grupo controle. Aporte teórico: O ATP é uma molécula pró-inflamatória liberada em maior quantidade em situações de estresse celular, e atua como um sinal de alerta no ambiente extracelular, ativando as células imunes para combater microorganismos, iniciar respostas e eliminar invasores. No que tange o câncer de mama, o aumento do ATP sérico é relacionado ao dano tecidual ocasionado pelo crescimento tumoral. Outrossim, o sistema purinérgico atua convertendo o ATP extracelular em adenosina, por meio de um processo de degradação realizado pelas principalmente pelas ectoenzimas CD39 e CD73. Enquanto a CD39 converte ATP e ADP em AMP, a CD73 converte AMP em adenosina; e a ADA transforma a adenosina formada em inosina e hipoxantina (ARAÚJO et al., 2021). Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, de análise quantitativa, do tipo caso-controle. A amostra tem um n= 35 em cada grupo, o primeiro composto por mulheres com câncer de mama previamente diagnosticado e que não tenham iniciado qualquer tipo de tratamento, e o segundo por mulheres saudáveis pareadas por idade (mais ou menos 3 anos) em relação às pacientes. As análises de quantificação de ATP foram realizadas através de kit comercial (Invitrogen®) por ensaio de bioluminescência com a enzima luciferase firefly recombinante e seu substrato D-luciferina, em soro. As análises de concentração da ADA foram realizadas por meio de ensaio enzimático colorimétrico em linfócitos. Resumidamente, 50 ÿL de suspensão celular reagiu com 21 mmol/L de adenosina (pH 6,5) a 37°C por 60 min. Após incubação, a reação foi interrompida pela adição de 167,8 mM de sódio nitroprussiato, fenol 106,2 mM e uma solução de hipoclorito de sódio. Por fim, a absorbância foi lida a 620 nm e os valores foram expressos em unidades/litro (U/L). As análises estatísticas foram realizadas no programa Graph Pad Prism 9.4. Resultados: Não houve variação significativa de idade entre os grupos, o qual foi avaliado 23 paciente com câncer de mama e 34 controles, sendo o valor de p >0,005 (P= 0,6509). Quanto aos parâmetros clínicos e patológicos, todas as pacientes apresentavam carcinoma invasivo. Em relação às análises bioquímicas, não houve diferença significativa na concentração da ADA entre os grupos, sendo o valor de p >0,005 (P=0,3557). N= 57 participantes. Com estes resultados, foi possível observar que não há diferença na atividade enzimática entre pacientes com câncer de mama e indivíduos controle. Nesse viés, salienta-se que é necessário analisar as demais enzimas que degradam os nucleosídeos, como por exemplo a CD39 e a CD73, para classificar de maneira mais assertiva este resultado. No que tange a quantificação do ATP, foram considerados estatisticamente significativo, sendo o valor de p<0,005 (P=0,0001). N= 70 participantes. A quantidade de ATP no grupo das pacientes foi superior em relação à do grupo controle, corroborando a hipótese de um ambiente sistêmico pró-inflamatório, em tese, devido à atividade tumoral. Portanto, as analises evidenciam um maior nível de inflamação nas pacientes com câncer de mama, no entanto isso não reflete na da cadeia de hidrolise da ADA.  

Publicado
12-09-2022