VARIAÇÕES NA DIVERSIDADE DE PEIXES AO LONGO DE UM GRADIENTE LONGITUDINAL DE UM RIO SUBTROPICAL

Resumo

Nas duas últimas décadas, uma grande e importante mudança de paradigma na ecologia de comunidades tem focado em fatores atuantes em escala regional, onde novos conceitos têm avaliado as comunidades de diferentes formas. Nesse sentido, novos estudos observaram como a riqueza local (ou diversidade alfa) distribui-se ao longo de um gradiente de riqueza regional (diversidade gama) (Srivastava 1999, Loureau 2000, Soininen et al. 2007). Em contrapartida, a diversidade beta (Turnover e aninhamento) é uma medida da diferença na composição de espécies tanto entre duas ou mais assembleias locais como entre assembleias locais e regionais (Ricklefs & Schluter 1993, Conditet al. 2002, Soininen et al. 2007). O objetivo deste estudo foi avaliar se existe variação na diversidade e composição de espécies ao longo de dois ciclos anuais, onde a variação na diversidade é esperada, tanto a nível local quanto entre os períodos. Um total de 48 saídas a campo foram realizadas sazonalmente entre os períodos de maio de 2017 e fevereiro de 2018 (Ano 1) e maio de 2018 e fevereiro de 2019 (Ano 2), em seis sítios de amostragem, cobrindo um trecho de 450 km de extensão. O presente estudo evidenciou um total de 80 espécies para o Ano 1 e 76 espécies para o Ano 2, totalizando 111 espécies (diversidade gamma). A riqueza local (diversidade alfa) variou de 46 a 71 espécies. A diversidade beta para os dois períodos de amostragem apontou altos valores (Ano 1=0,80; Ano 2= 0,74), com contribuições positivas dos componentes de turnover (Ano 1= 0,45; Ano 2= 0,44) e aninhamento (Ano 1= 0,35; Ano 2= 0,30). Neste conjunto de táxons, muitos apresentaram pequeno porte e comportamento sedentário, entretanto, também capturamos peixes de grande porte e migradores, sendo as ordens Characiformes, Siluriformes e Cichliformes as mais abundantes. Os elevados valores de β-diversidade observados revelaram que cada ambiente com seu conjunto de particularidades hidrogeomorfológicas, permite a estruturação de assembleias únicas no canal principal do rio Uruguai, exibindo de forma clara a importância das irregularidades do mosaico do canal principal do rio Uruguai para a ictiofauna, com forte influência dos filtros ambientais na variação local e regional da riqueza da ictiofauna.