TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E EXPOSIÇÃO À PESTICIDAS: UMA REVISÃO NARRATIVA

  • Daiane Letícia Roos Zwirtes Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Iara Denise Endruweit Battisti

Resumo

RESUMO

 

Contextualização: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é descrito como um distúrbio complexo do neurodesenvolvimento com etiologia pouco compreendida. Algumas exposições maternas durante a gestação e amamentação podem interferir potencialmente no neurodesenvolvimento. Objetivo: Revisar a literatura acerca da relação entre exposição maternal aos agrotóxicos e o desenvolvimento do TEA. Aporte teórico: A prevalência mundial de TEA é de uma em cada 160 crianças, sendo que esses números vêm aumentando drasticamente (OMS, 2018). A sua etiologia é em parte genética e também relacionada a exposição ambiental, sendo à exposição a pesticidas investigada como um fator envolvido (AMBESKOVIK, 2013). Metodologia: Constitui uma revisão narrativa da literaturaFez-se uma seleção de artigos publicados entre 2016 e 2020, na base de periódicos PubMed/Medline, com os seguintes descritores em inglês  “autism spectrum disorder”, “pesticide”, “agrochemicals” e “prenatal exposure”.  Para essa publicação, foram selecionados seis artigos. Resultados: Os seis estudos selecionados tratavam sobre a relação entre o TEA e a exposição a diferentes tipos de pesticidas, incluindo  tanto revisões sistemáticas, quanto estudos de coorte e caso-controle. Com relação à exposição direta aos pesticidas em populações que residem áreas agrícolas, o estudo de Sagiv (2018) investigou 601 gestantes residentes em uma área agrícola da Califórnia. Não foram encontradas evidências claras de associação entre a proximidade residencial e a exposição à pesticidas durante a gestação com o desenvolvimento do TEA (SAGIV, 2018). Na pesquisa tipo caso-controle realizada por Ehrenstein em 2019, onde foram incluídos 2.961 indivíduos residentes em uma área agrícola da Califórnia, foi encontrada relação entre exposição a pesticidas e desenvolvimento de TEA. Em um estudo preliminar onde foram investigadas a presença de elementos no cabelo e urina de crianças com TEA comparadas a um grupo controle, foi concluído que existe alteração na concentração destes compostos em crianças com TEA (DOMINGUES, 2016). Um estudo similar realizado em 2020, encontrou relação moderada com elementos identificados na urina materna e TEA (BARKOSKI, 2020). No estudo de coorte publicado em 2018, foi estudada a relação entre exposição pré-natal e o risco de desenvolver TEA, não foi encontrada associação quando estudados meninos e meninas juntos. Porém, quando realizada a estratificação por sexo, esta associação pode demonstrar risco aumentado para o desenvolvimento de TEA no sexo feminino (PHILIPPAT, 2018). Na revisão sistemática acerca da relação entre pesticidas e TEA em estudos realizados na Europa, foram incluídos 15 estudos in vivo que demonstraram associação entre as duas variáveis (ONGONO, 2020).

Publicado
11-11-2021