CARCINOMA METASTATICO EM CADELA
Resumo
A casuística de tumores mamários vêm crescendo, em especial na Clínica Médica e Cirúrgica de animais de companhia, sendo necessários estudos que esclareçam fatores ligados à origem e evolução destes, e prognóstico dos pacientes. A glândula mamária é o principal tecido afetado por este tipo de lesão em cadelas, representando até 50% dos tumores diagnosticados em fêmeas caninas. Os neoplasmas mamários constituem um grupo heterogêneo, de diversos padrões histológicos, bem como comportamento biológico. Há estudos que apontam que 80% dos tumores mamários são malignos com probabilidade de ocorrência de disseminação do mesmo. A metástase pode ocorrer quando o câncer se torna capaz de invadir as cavidades corporais e superfícies, utilizando meios como a disseminação transcelômica, disseminação linfática ou hematogênica. Este trabalho tem como objetivo relatar as principais alterações anatomopatológicas de uma cadela com carcinoma mamário metastático. Foi encaminhado ao Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul o cadáver de um canino, fêmea, oito anos, Sem Raça Definida com histórico de pseudociese frequente, a qual passou pelo procedimento de ovaáriohisterectomia (OVH). Uma semana após a cirurgia, o animal ainda apresentava presença de secreção láctea e alterações hepáticas em exame bioquímico. Posteriormente, a paciente apresentou claudicação qual membro, todos? Se souber! e um dia após entrou em óbito. Ao exame necroscópico, a paciente apresentava mucosas hipocoradas, presença de secreção nasal sanguinolenta, além de petéquias na região abdominal. Havia aumento de volume nos linfonodos mandibulares, cervical superficial, axilar, inguinal e poplíteo. A glândula mamária inguinal esquerda apresentou massa palpável e ao corte fluiu líquido avermelhado e fétido. Na cavidade torácica foi observada presença de aproximadamente 180 ml de líquido serosanguinolento livre e nodulações multifocais de coloração esbranquiçada sobre a serosa pericárdica e pulmões. Na avaliação da cavidade abdominal, o fígado, o pâncreas e as adrenais apresentavam nodulações firmes, esbranquiçadas e multifocais. O ureter direito estava aderido a uma massa oriunda do assoalho pélvico, que continha cavidades císticas e líquido sanguinolento ao corte, afetando nervos adjacentes e invadindo as vértebras regionais e disco intervertebral. Na medula espinhal notou-se área avermelhada e difusa na região lombar sub meningeana entre T10 e L1. Ao exame histopatológico, a glândula mamária inguinal esquerdaapresentou proliferação neoplásica de células epiteliais, arranjadas em formações micropapilares e tubulopapilares, de anisocariose e anisocitose moderadas a acentuadas. Verificou-se a presença de formações císticas e intensa invasão vascular intra e peritumoral, sendo a contagem mitótica de 12 figuras em 2,37 mm2. Assim, foi determinada a causa mortis do animal o choque hipovolêmico. O diagnóstico histopatológico da glândula mamária foi de carcinoma tubulopapilar cístico grau II com áreas micropapilares e acentuada invasão vascular linfática. Foi visualizada presença de metástases em pulmão, fígado, linfonodos, rins, adrenais e no disco intervertebral. O tipo histopatológico evidencia o comportamento e a agressividade da neoplasia , já que neste caso havia intensa invasão vascular e alta taxa de mitose. Na caracterização de malignidade grau II, notou-se rápida evolução do tumor e a ocorrência de metástases em diversos órgãos. Os achados macroscópicos coincidiram com as alterações detectadas em exame bioquímneoplásica no fígado e a alta vascularização tumoral conduziu ao quadro anêmico, o qualresultou no óbito do paciente. Por meio s deste relato, verificou-se a rápida evolução do câncer e menor tempo de sobrevida, e que a graduação histopatológica de malignidade de neoplasmas mamários demonstra-se importante fator prognóstico de neoplasmas mamários.
