EDUCAÇÃO EMOCIONAL NA PROFISSÃO DOCENTE

  • Jonas Antônio Bertolassi Universidade Federal da Fonteira Sul - Campus Erechim
  • Adriana Salete Loss
Palavras-chave: Educação emocional. Profissão docente. Processos formativos.

Resumo

RESUMO

O estudo aqui apresentado refere-se a um recorte da pesquisa desenvolvida pelo autor no Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS - Campus Erechim entre os anos de 2020 e 2021, que teve como temática a formação de professores e suas percepções emocionais frente aos desafios da profissão. Durante o desenvolvimento do mestrado, o autor foi contemplado com uma bolsa institucional de auxílio financeiro por um período de um ano, ou seja, de agosto de 2020 a agosto de 2021.  Apresentado tal contexto, percebe-se que as discussões voltadas à educação emocional no campo educativo vem ganhando cada vez mais força e evidência, diante das reconfigurações relacionais da sociedade contemporânea e a temática deste trabalho, voltada à educação emocional na profissão docente, tem como proposição ampliar ainda mais tais discussões. Neste sentido, Marchesi (2008) argumenta que as emoções nunca foram tão discutidas no campo educacional como nas últimas décadas. Dentre as principais discussões, evidencia-se a sobre como as emoções podem contribuir nos processos educativos e formativos tanto de educadores como dos estudantes. Ao mesmo tempo, Casassus (2009) afirma que, tendo em vista que razão e emoções são interdependentes, as emoções deveriam ter um lugar de destaque no campo educativo, especialmente na profissão docente, considerando o professor em sua integridade, ou seja, como um ser racional e emocional, o contrário disso, na ótica do autor, torna o processo formativo e educativo incompleto. Corroborando, Loss (2013) destaca que a inserção da educação emocional nos processos formativos, didáticos e práticos da profissão docente contribui também para a humanização das relações humanas, uma vez que o professor tem compreensão de suas emoções e sabe conduzi-las, isso tem um efeito espelho no ensino e aprendizagem e, especialmente na vida dos estudantes e até espaços fora da escola frequentados pelos estudantes. Partindo dessa breve contextualização da temática em evidência, este trabalho teve como objetivo identificar os benefícios da inserção da educação emocional na profissão docente. Para alcançar esse objetivo, a metodologia enquadrou-se em dois eixos, que são estudo bibliográfico e pesquisa de campo. A pesquisa de cunho bibliográfico amparou-se, principalmente, em estudiosos da educação emocional, como Casassus (2009), Marchesi (2008), Loss (2013), entre outros. Já a pesquisa de campo, de caráter qualitativo, com enfoque descritivo-interpretativo, apresentou, como instrumento de coleta de dados, uma entrevista semiestruturada que foi direcionada a 14 professoras, sete em início de carreira, com até cinco anos de atuação em sala de aula, e sete em final de carreira, com mais de 20 anos de atuação como docentes, todas com formação em Pedagogia, atuantes nos anos iniciais do Ensino Fundamental, da rede estadual de ensino do município de Erechim. Os resultados apontaram que os pontos de vista das professoras, tanto em início como em final de carreira, são similares em muitos aspectos, principalmente no que diz respeito ao bem-estar emocional. Elas têm a percepção de que a escola e a própria profissão enfatizam mais os aspectos racionais e, diante disso, elas veem a educação emocional como uma estratégia que pode potencializar a tomada de consciência dos sentimentos, das emoções, pensamentos e ações. Da mesma maneira, os dois grupos têm a percepção de que a educação emocional também contribuiria na interpretação, compreensão e gerenciamento das diferentes emoções e sentimentos emergentes, principalmente do exercício da profissão. De acordo com as professoras, o fato de conseguir compreender o que se sente, bem como as origens desses sentimentos, possibilita o aprimoramento da prática pedagógica da aprendizagem e, sobretudo, da profissão. Além desses pontos convergentes, foi possível também identificar algumas percepções mais particulares de cada grupo, que estão correlacionadas ao tempo de atuação. Por exemplo, as professoras iniciantes evidenciaram que a educação emocional na profissão contribuiria no desenvolvimento da empatia, da desconstrução do individualismo, da competitividade e colaboraria ainda para tornar o ambiente profissional mais acolhedor e harmônico. Já as professoras em final de carreira ressaltaram benefícios como controle das emoções negativas, contribuição na resolução de conflitos, anseios e angústias provenientes da profissão, melhora na qualidade profissional e prevenção do estresse e problemas de saúde. Compreende-se que as atribuições desse grupo emergiram dos diferentes desafios enfrentados na trajetória profissional e, sobretudo, dos reflexos desses desafios no campo pessoal, profissional e emocional. Em síntese, conclui-se com esta pesquisa que a educação emocional pode contribuir de modo ascendente diante dos desafios da profissão docente. No entanto, para que isso ocorra, é fundamental o investimento por parte das políticas que gerenciam a educação no avanço da educação emocional, enquanto objeto de estudo tanto na formação inicial como continuada.

Publicado
16-11-2021