MULHERES GESTORAS EM COOPERATIVAS: TRAJETÓRIAS E APRENDIZADOS

Resumo

Essa pesquisa visa trabalhar na integração entre duas áreas relevantes para o estudo organizacional, sendo elas o Cooperativismo e a carreira feminina, ambas áreas estão integradas no arcabouço teórico que envolve a gestão e o ambiente organizacional. O objetivo principal deste trabalho é investigar a trajetória de vida de mulheres que se tornaram gestoras em cooperativas. Neste sentido buscou-se conhecer os aprendizados, desafios e suas superações. Especificamente, buscou-se cenários caracterizados pelo predomínio do gênero masculino, onde geralmente, homens ascendem para os cargos de gestão com mais rapidez e facilidade que mulheres, sendo este um desafio para as mulheres alcançarem esse espaço de gerência.  Assim essa pesquisa busca compreender segundo o olhar das gestoras a sua caminhada no ambiente cooperativo e como estas mulheres percebem suas atuações como líderes e gerentes. Para o embasamento teórico desse trabalho utilizou-se referências de Bernardi e Neves (2015), O’Neil (2003), Bruschini e Lombardi (1999) onde retratam os desafios e dificuldades de mulheres que se tornam gestoras em organizações. Como metodologia, propôs-se o paradigma interpretativista e a abordagem qualitativa com a utilização de entrevistas em profundidade e narrativa como forma de buscar seus olhares e percepções. Quanto a amostra, a mesma caracterizou-se como não probabilística por conveniência, onde buscou-se mulheres que se tornaram gestoras em cooperativas na região das Missões do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Desta forma, foram entrevistadas 5 mulheres. A análise dessas entrevistas permitiu a verificação de aspectos específicos e comuns entre as vidas pessoais e profissionais das mulheres gestoras. Percebeu-se, portanto, que apesar de trabalharem em setores iguais em suas cooperativas, elas vivenciaram múltiplas situações em seus cotidianos, permeadas por diversas influências que interagiram continuamente, repercutindo em seus trabalhos. Todas as mulheres no presente estudo contaram suas histórias, muitas delas marcadas pela superação de desafios por serem gestoras frente a uma cooperativa e pela quebra de barreiras e obstáculos que tiveram que enfrentar e principalmente, pela persistência, coragem e determinação de não desistir, pois ao longo das suas caminhadas como gestoras enfrentaram estereótipos pelo fato de serem mulheres no comando, e conforme os relatos, muitas vezes não tiveram voz para serem ouvidas. Ressalta-se que, segundo seus olhares, a gestão de uma cooperativa transladou-se na superação de suas vidas, pois para elas a cooperativa foi um meio de ajudar os pequenos agricultores e também trazendo suas auto-realizações, mostrando que as mulheres também podem coordenar e administrar uma corporação. Portanto, concluiu-se que as investigadas veem derrubando barreiras onde estão inseridas e que existe uma lacuna sobre as temáticas do cooperativismo e a carreira feminina nos estudos organizacionais, assim faz-se necessário o desenvolvimento de novas pesquisas que abordem essa integração.