TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS CRISES EPILÉTICAS NÃO CONTROLADAS NO NORDESTE

UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA COMPARATIVA

  • Laura Beatriz Santos Araújo
  • Larissa de Oliveira Silva Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Lucas Costa Lins
  • Jhoyce Michaelle da Costa Oliveira
  • Polyana Gonçalves da Silva Sousa
  • Guilherme Rodrigues Guimarães
  • Vitor de Oliveira Silva
  • Jamilly de Oliveira Musse
Palavras-chave: Epilepsia refratária;Epidemiologia; Procedimentos cirúrgicos operatórios.

Resumo

INTRODUÇÃO: Epilepsia refratária ao tratamento clínico ou farmacorresistente é definida como o controle inadequado das crises apesar de terapêutica medicamentosa apropriada com fármacos antiepiléticos (FAE) ou como o adequado controle das crises epiléticas, mas com efeitos colaterais inaceitáveis. Diante disso, o tratamento cirúrgico se apresenta como uma intervenção eficaz em casos refratários, pois possibilita o controle absoluto das crises e passa, necessariamente, pelos avanços tecnológicos das últimas duas décadas. Uma vez constatada a refratariedade ao tratamento medicamentoso, o paciente é submetido a investigações para a correta localização da área cerebral responsável, objetivando posterior remoção cirúrgica do foco das crises. Sendo assim, a cirurgia da epilepsia tem mostrado significativa melhora na qualidade de vida dos pacientes a partir da análise da história natural da doença nos períodos pré e pós-cirúrgico. OBJETIVO: Verificar e comparar os dados relativos ao tratamento cirúrgico das crises epiléticas não controladas da região Nordeste em relação a Sul e Sudeste.METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Procedimentos Hospitalares do Ministério da Saúde no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2019. Foi feita uma análise regional quanto ao número de internações, tempo de permanência e custo do tratamento. RESULTADOS: Foram realizadas 10 intervenções cirúrgicas no Nordeste, o que corresponde a, aproximadamente, 0,07% (14.277) das internações por crises epiléticas não controladas. A média de permanência foi de 8,8 dias, com desvio padrão (DP) de 2,28, e o valor médio por intervenção foi de R$5.497,92. As regiões Sul e Sudeste apresentaram, respectivamente, 165 e 434 procedimentos, correspondendo a 0,47% (35.032) e 0,48% (90.615) das internações. A média de permanência no Sul foi de 9,7 dias, com DP de 0,24, apresentando valor médio de R$ 4.835,94, enquanto no Sudeste, achou-se 8,8 dias, com DP de 0,28 e valor médio de R$ 5.873,04. DISCUSSÃO: O número de intervenções cirúrgicas foi proporcionalmente baixo em relação à quantidade de pacientes internados na região Nordeste. Essa constatação foi confirmada ao comparar os dados com regiões mais desenvolvidas, as quais são referências na prestação de assistência à saúde e que concentram hospitais pioneiros na realização do procedimento. Tal panorama está em acordo com a literatura, a qual registra uma desigualdade de distribuição dos serviços de saúde no território nacional, sendo esses mais disponíveis nas regiões Sul e Sudeste. Nesse estudo, observou-se ainda que a diferença dos valores médios por intervenção entre as regiões não foi expressiva, sugerindo que o reduzido número de procedimentos realizados no Nordeste está mais associado com a baixa disponibilidade do que com fatores como o custo médio por intervenção.CONCLUSÃO:É notável que a presença de hospitais especializados propicia uma maior oferta de intervenções cirúrgicas como tratamento das crises epiléticas não controladas, dada a disparidade entre as porcentagens encontradas nas regiões estudadas. Logo, conclui-se que uma maior viabilização do acesso dos pacientes nordestinos às intervenções em sua própria região poderia contribuir para o aumento no número de procedimentos, possibilitando melhorana qualidade de vida desses indivíduos.

Publicado
23-03-2021