TRATAMENTO DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO AGUDO NO SUS-BAHIA
UMA ANÁLISE DA TERAPÊUTICA TROMBOLÍTICA
Resumo
INTRODUÇÃO: O Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEi) é considerado uma emergência médica, haja vista a sua mortalidade e a incapacidade funcional habitualmente associada. A compreensão da importância do reconhecimento precoce dessa comorbidade, bem como da administração do tratamento trombolítico dentro da janela terapêutica máxima de 3 a 4,5 horas, compõem medidas necessárias para se obter o melhor prognóstico. A sua gravidade na fase aguda, entretanto, depende da idade do paciente, da extensão e da localização da lesão. Dessa forma, apesar do efeito benéfico da recanalização, a administração de trombolíticos tem a transformação hemorrágica como principal risco, principalmente se associada à idade avançada e a um maior tempo até ao início da trombólise. Logo, devido ao fato do tratamento do AVEi ser tempo dependente, é imprescindível a utilização de um protocolo de atendimento eficiente, objetivando garantir a elegibilidade para a terapêutica trombolítica. OBJETIVO: Analisar os dados relativos ao tratamento do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo com uso de trombolítico no estado da Bahia. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico, ecológico e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Procedimentos Hospitalares do Ministério da Saúde, no período de Janeiro de 2015 a Dezembro de 2019. Foi feita uma análise do número de internações, óbitos e tempo de permanência. RESULTADOS: No período estudado, foram registradas 653 intervenções trombolíticas no estado da Bahia, com cerca de 24,5% dessas realizadas em 2019 (n=160), o que equivale à aproximadamente o dobro quando comparado a 2015 (n=78). Esses procedimentos dividiram-se entre as macrorregiões de saúde Leste (NRS-Salvador), onde se concentraram 96% das intervenções, e a macrorregião Sudoeste (NBS-Vitoria Conquista), com os 4% restantes. O valor médio por intervenção foi de R$ 3.235,00. A média de permanência das internações foi de 12,18 dias, com desvio padrão de 1,70 dia. A taxa total de mortalidade foi de 15,93/100 intervenções, com diminuição de 20% de 2015 para 2017 e pico de 19,66 óbitos/100 intervenções em 2018. DISCUSSÃO: O aumento no número de trombólises relaciona-se ao aprimoramento da aplicação das diretrizes para terapia trombolítica no AVEi e melhor reconhecimento dos pacientes elegíveis à essa intervenção nos Centros de Atendimento de Urgência ao Acidente Vascular Cerebral do estado. Esses centros restringem-se às macrorregiões de saúde Leste e Sudoeste, o que explica a concentração desse procedimento nessas localidades. A mortalidade dentre aqueles que receberam a intervenção aproxima-se da mortalidade geral para o AVC isquêmico, dados condizentes com a literatura, uma vez que o benefício da terapia trombolítica advém da redução das sequelas e aumento da funcionalidade dos pacientes tratados. CONCLUSÃO: Os indicadores analisados evidenciam que a presença dos Centros de Atendimento de Urgência específicos ao AVEi no estado propicia uma efetividade no tratamento, visto que há concordância entre a taxa de mortalidade prevista e a encontrada nessa análise. Logo, nota-se que um protocolo específico pode se relacionar com a melhoria da capacidade funcional do paciente. Entretanto, a centralização do atendimento pode vir a ser um empecilho para a terapêutica trombolítica intravenosa dentro da janela terapêutica preconizada.