PREVALÊNCIA DE NEOPLASIA MALÍGNA DO ENCÉFALO NA BAHIA: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA

  • Lucas Costa Lins UEFS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
  • Vitor de Oliveira Silva
  • Laura Beatriz Santos Araújo
  • Jhoyce Michaelle da Costa Oliveira
  • Polyana Gonçalves da Silva
  • Guilherme Rodrigues Guimarães
  • Fernando Maia Reis
  • Jamilly de Oliveira Musse
Palavras-chave: Tumores Cerebrais Primários Malignos. Câncer Cerebral. Neoplasias Intracranianas.

Resumo

INTRODUÇÃO: As neoplasias malignas do Sistema Nervoso Central (SNC)representam de 1,4 a 1,8% de todos os tumores malignos no mundo, sendo a maioria no cérebro. A incidência anual de tumores do SNC varia de 10 a 17 por 100.000 e a maioria dos tumores intracranianos ocorre em pacientes acima de 45 anos com maior mortalidade em homens – o sexo masculino é o mais afetado em quase todos os tipos de tumores do SNC. Os sintomas das neoplasias malignas do encéfalo (NME) variam de acordo com a localização e o tamanho da neoplasia, causando desde cefaleia e crises convulsivas até déficits neurológicos permanentes. A Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM) com contraste são os principais exames de imagem na investigação dessas doenças. OBJETIVOS: Descrever as internações hospitalares por neoplasias malignas do encéfalo naBahia, através da lista de morbidade do CID-10 (C71) no período de julho de 2010 a julho de 2020. METODOLOGIA: Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Morbidade Hospitalar (SIH-SUS) do Ministério da Saúde, tabulados em gráficos e tabelas no programa Microsoft Excel 2016. RESULTADOS: Foram observadas 7436 internações por NME, dessas, 51,45% ocorreram em homens e 17,4% na faixa etária de 50 a 59 anos. O maior número de internações foi observado em 2019 (n= 853) e a maior taxa de óbitos registrada em 2018 (n= 125). O número de óbitos foi 1.030 e a taxa de mortalidade 13,85, maiores em mulheres com 80 anos ou mais (30,43), homens entre 70 e 79 anos (n= 27,47) e indivíduos amarelos (33,33); a maioria das internações foi de indivíduos pardos (n= 2832). O valor médio de internação foi de R$3255,65 e o tempo médio de permanência foi de 14,11 dias. 85% das internações foram em caráter de urgência, correspondendo a 94,36% dos óbitos (n= 972), e 30% foram no regime público de saúde. DISCUSSÃO: Os dados observados refletem o quadro no nordeste e no Brasil. A Bahia foi o estado com o maior número de internações por NME e a faixa etária de 50 a 59 anos responsável pelo maior número de internações nas três esferas, predominando em homens. Nota-se aumento da incidência e da mortalidade conforme a idade, estando relacionados ao processo de envelhecimento e às multicomorbidades. No entanto, a taxa de mortalidade no estado foi superior as taxas nordestina (n = 13,07) e nacional (n=13,69) e  maior na cor/raça preta no panorama regional e nacional. A Bahia e o nordeste têm como principal forma de internação o regime público, contrastando com a realidade nacional em que o setor privado tem maior destaque. CONCLUSÃO: É possível notar uma relação entre a prevalência de NME com o avanço da idade. Em um cenário de transição demográfica, investimento para o rastreio precoce e controle dos fatores de riscos se faz necessário para evitar a progressão para estados incapacitantes e óbito.  Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental na prestação de serviços eletivos e emergenciais ao atendimento do indivíduo com NME.

Publicado
29-03-2021