FISIOPATOLOGIA DA INFECÇÃO POR COVID-19 EM PACIENTES OBESOS

  • Aline Reis Freitas Faculdades Santo Agostinho
  • André Luís Carvalho de Souza Faculdades Santo Agostinho
Palavras-chave: Obesidade, Infecções por Coronavírus, Doença Crônica

Resumo

Introdução: A obesidade, muito prevalente na população em todas as idades, é caracterizada como uma doença crônica decorrente do acúmulo de gordura corporal e se configura como um fator de risco para outras comorbidades, como diabetes mellitus, hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares. Sabe-se ainda que o tecido adiposo apresenta atividade pró-inflamatória e induz um estado crônico de inflamação basal, o que acarreta em diminuição do estado imunológico da pessoa, deixando-a mais suscetíveis a infecções secundárias. Devido a essas características, estudos recentes evidenciam a obesidade como um fator de risco para maiores complicações e gravidade decorrentes da infecção pela COVID-19. Objetivos: O presente estudo visa descrever os resultados obtidos das últimas evidências sobre a associação da obesidade com a COVID-19, com o intuito de entender os fatores que contribuem para a maior gravidade associada a pacientes que apresentam esse quadro. Metodologia: Baseia-se em uma revisão de literatura com abordagem qualitativa feita em fontes de dados e de atualizações, com a finalidade de se obter informações validadas para assim compreender de maneira mais precisa a influência da obesidade para maiores complicações da infecção pela COVID-19. Resultados e discussão: Pesquisas realizadas no primeiro semestre de 2020 em diferentes países sugerem a obesidade, não como um fator de risco para a infecção por COVID-19, mas sim como uma maior chance de complicações decorrente do contágio, assim como da necessidade de internações e ventilação mecânica. Ademais, análises preliminares sugerem que a patogênese da infecção pela COVID-19 está ligada a uma maior expressão da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) e essa encontra-se em maior número em pessoas obesas, já que a mesma é sintetizada pelos adipócitos; logo, esses pacientes são mais suscetíveis aos efeitos deletérios dessa nova infecção viral. Além disso, observou-se que células do interstício alveolar, denominadas de lipofibroblastos (células adipócitos-símile), devido a sua capacidade de diferenciação em miofibroblastos, podem levar à evolução mais severa do quadro respiratório, levando subsequentemente à fibrose pulmonar. A obesidade leva ainda ao estado de inflamação de caráter crônico e atividade imunológica diminuída, que por sua vez pode causar lesões que levam à formação de coágulos predispondo a quadros de trombose e/ou embolia pulmonar, caracterizando como complicações potencialmente fatais as pessoas infectadas pela COVID-19. Além disso, esses pacientes apresentam uma maior dificuldade no manejo diagnóstico e terapêutico da doença infecciosa, uma vez que os processos de diagnóstico por imagem, intubação endotraqueal, adquirir leitos hospitalares bariátricos e o transporte em diferentes sessões hospitalares se apresentam como desafiadores. Conclusão: A obesidade se configura como um fator de gravidade a infecção pela COVID-19, o que aumenta a probabilidade de desfechos desfavoráveis do quadro, incluindo o óbito. Diante disso, medidas de proteção ao contágio da COVID-19 em associação a hábitos de vida saudáveis, sobretudo ao controle do peso se fazem necessários para minimizar a infecção e suas possíveis complicações.

Publicado
29-03-2021