RELATO DE EXPERIÊNCIA PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE

  • Susane Karine Kerckoff Machado UDESC
  • Manuela CHRISTIANETTI
  • Gabriella Garcia
  • Leticia Machado
  • Maira Rossetto

Resumo

Introdução

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade) busca integrar o ensino dos cursos da área da saúde com a prática nos Centros de Saúde da Família (CSF), aproximando alunos, professores e profissionais de diferentes áreas. O intuito é que os alunos conheçam o Sistema Único de Saúde (SUS) vivenciando-o na sua realidade e podendo intervir com ações para aprimorar características específicas de cada Estratégia de Saúde da Família (ESF), fomentando a articulação ensino-serviço-comunidade. Além disso, busca fazer com que os acadêmicos não só conheçam, mas se preparem de forma adequada para enfrentar as diferentes realidades de vida e saúde da população. (BRASIL, 2010).

Para identificar as realidades e necessidades da população assistida pelo CSF é fundamental que sejam estabelecidos vínculos com a equipe atuante neste centro, que se conheça o território e suas particularidades, e que sejam identificadas as características da população. Assim, conseguimos dados acerca de aspectos epidemiológicos, social e demográfico, além de detectar possíveis riscos à saúde da população, que são fatores importantes no processo saúde-doença. (CAIRES, SANTOS JUNIOR, 2017).

O presente trabalho tem por objetivo relatar as experiências iniciais, os fatores de risco à saúde percebidos pelo grupo tutorial e as estratégias planejadas pelo grupo inserido na Atenção Primária em um CSF, localizado no bairro Eldorado, município de Chapecó – SC.

 

 

Metodologia

            A produção deste trabalho se deu a partir de reflexões acerca das experiências proporcionadas pelo PET-Saúde Interprofissionalidade. Como método de trabalho têm-se a formação de grupos tutoriais, compostos por um coordenador-tutor do grupo, tutores, preceptores e acadêmicos. Os tutores são professores das universidades das diversas áreas da saúde. Os preceptores são profissionais de saúde que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Centro de Saúde da Família (CSF) que o grupo foi alocado. Os acadêmicos são bolsistas e voluntários das Instituições de Ensino Superior (IES). Tanto os acadêmicos, quanto os tutores são pertencentes a três IES diferentes, sendo elas: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Compõem o grupo acadêmicos dos cursos de educação física, enfermagem, medicina e psicologia.

 

Desenvolvimento e processos avaliativos

O grupo do PET-Saúde/Interprofissionalidade realizará atividades neste CSF por um período de dois anos, com término previsto para 2021. As ações de inserção dos grupos na unidade iniciaram no mês de maio deste ano, onde foram apresentadas pelas ACS as características da população e as particularidades do território. Têm-se um total de 3.853 pessoas assistidas. Trata-se de um território com característica bastante industrial, com uma grande população de baixa renda, onde existem famílias que residem em locais irregulares. Há duas grandes preocupações da equipe de saúde neste território: gravidez na adolescência planejada e drogadição. As reflexões feitas e discutidas sobre como intervir foram voltadas a questões como: as adolescentes querem ter filhos, este é o planejamento e a acreditação de vida que possuem, é uma forma de serem reconhecidas socialmente e ainda, um meio para sair da casa em que vivem. Logo, trabalhar métodos para evitar uma gravidez, não seria efetivo. O que o PET propõe são atividades na escola, local de acesso à essas adolescentes, onde seriam levantados temas como planejamento familiar, consequência das escolhas e tomada de decisão, orientação profissional, métodos de ingressar em cursos técnicos, profissionalizantes, de nível superior e afins, apresentando outras possibilidades existentes para mudar de vida. Para as gestantes da escola, pensa-se em atividades no sentido de orientar essas adolescentes sobre o início e continuidade do pré-natal, o que precisa ser feito no pós-parto, vacinação, entre outras atividades que podem ser realizadas. Em relação a drogadição enfrentamos problemas semelhantes ao traçar estratégias, uma vez que, de acordo com os relatos das ACS, os alunos das escolas sabem tanto sobre drogas, quanto os profissionais de saúde. Também não seria efetivo falar sobre os efeitos nocivos das drogas e afins. Mais uma vez, a educação em saúde se articula de uma outra forma, onde o que se projeta é trabalhar na linha de consequências futuras do uso de drogas, as consequências da tomada de decisão, e outras perspectivas de futuro.

Visando através do PET melhorar os aspectos da interprofissionalidade, de forma que os profissionais possam interagir harmoniosamente no ambiente de trabalho, resultando num melhor acolhimento para o usuário e resolução dos seus problemas de maneira integral, busca-se realizar atividades voltadas para a valorização de todos os integrantes da equipe, sendo fundamental trabalhar as práticas colaborativas, compartilhando conhecimentos e estreitando laços para que o trabalho flua.

Considerações Finais

A articulação ensino-serviço-comunidade proporcionada pelo PET Saúde/Interprofissionalidade torna possível que o acadêmico assuma um papel de sujeito transformador na construção de uma visão de saúde ampliada, pois oportuniza a realização de contribuições através das práticas colaborativas desde a formação acadêmica, que poderão traduzir-se em práticas transformadoras, articuladas à humanização e percepção integral do usuário frente à atuação de fato interprofissional na atenção primária do SUS.

 

Referências Bibliográficas:

CAIRES, Elon Saúde, SANTOS JUNIOR, Paulo Jonas dos. Territorialização em saúde: uma reflexão acerca de sua importância na atenção primária. REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde; Vol. 9 (1), p. 1174-1177, 2017. Disponível em: < https://www.acervosaude.com.br/doc/REAS2.pdf>. Acesso em: 26/05/2019.

 

Portaria Interministerial MS/MEC nº 421 que institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET-Saúde, e nº 422, que estabelece orientações e diretrizes técnico-administrativas para a execução do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, de 3 de março de 2010. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/pri0421_03_03_2010.html>. Acesso em: 26/05/2019.

Publicado
17-07-2019