Vivência em Saúde Quilombola

Relato de Experiência

  • Dionara Donatti Lucas Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Camila Vieira Viana Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Carolina Baptista dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Letícia Moreira Cunha Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Vanderleia Laodete Pulga Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

VIVÊNCIA EM SAÚDE QUILOMBOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ações Realizadas Pelo Projeto Educação Popular, Equidade e Saúde: Capacitação e Mobilização de Atores Sociais para Fortalecimento do SUS

 

Introdução

Este relato apresenta uma ação integrada entre o ensino, a extensão e o Congresso de Educação Médica que se deu durante o XXI Congresso Gaúcho de Educação Médica que ocorreu nos dias 17 e 18 de maio de 2019 na Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo (UFFS/PF). Essa ação se deu no pré congresso através da possibilidade de cinco vivências,  a fim de permitir que os acadêmicos inscritos de diferentes faculdades de medicina se aproximassem de diferentes populações com as quais a UFFS/PF já possui vínculo e desenvolve atividades de imersão no Componente Curricular de Saúde Coletiva I e de extensão através do Projeto “Educação Popular, Equidade e Saúde: Capacitação e Mobilização de Atores Sociais para Fortalecimento do SUS”.  Uma das vivências em saúde ocorreu na comunidade quilombola Arvinha, localizada em Sertão – RS, e contou com  o trabalho feito com bolsistas deste Projeto de Extensão. A vivência nessas diversas comunidades é de suma importância ao permitir uma troca de experiências entre os estudantes de medicina e os diferentes segmentos da sociedade, constituindo uma ótima forma de aproximar os acadêmicos de populações com as quais futuramente podem vir a trabalhar e que, por meio da vivência, já terão um conhecimento maior acerca da história, costumes e hábitos. De acordo com Carácio et al. (2014, p. 2140), “Os cenários de prática devem favorecer a formação de um profissional mais consciente do seu papel social”. Dessa forma, as imersões em diferentes realidades contribuem para a formação de médicos com uma visão mais ampla acerca da diversidade existente na sociedade e, com isso, mais compromissados com a defesa integral da saúde do ser humano, respeitando a cultura e a história dos pacientes. 

Metodologia

A vivência foi realizada sob preceptoria de uma professora da Universidade Federal da Fronteira Sul, Daniela Teixeira Borges, com o auxílio de 5 monitoras bolsistas do projeto de Extensão, sendo elas: Alessandra Tomazeli, Camila Vieira Viana, Carolina Baptista do Santos, Dionara Donatti Lucas e Leticia Moreira Cunha. Além dos listados anteriormente, a vivência contou com a participação de mais 17 pessoas que se inscreveram para essa atividade do Pré Congresso Gaúcho de Educação Médica. O local da vivência foi a Comunidade Quilombola Arvinha, localizada no interior do município de Sertão-RS. O transporte foi disponibilizado pela organização do evento, durante o deslocamento as monitoras coletaram a assinatura dos participantes, chegando na comunidade a recepção ocorreu por alguns moradores e por funcionários da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Sertão-RS. No início das atividades da vivência a equipe da SMS apresentou um relatório sobre as condições e acesso à saúde no município através de uma apresentação no programa Power Point, após teve interação e relato da história da comunidade Quilombola por moradoras do local, em seguida as alunas monitoras e os outros estudantes da UFFS realizaram uma Feira de Saúde com atividades de medidas do IMC e do HGT, aferição de PA, entrega de sais para escalda-pés, conversas sobre  higiene com as crianças. Tais atividades foram realizadas com os materiais: 2 estetoscópios, 2 esfigmomanômetros, 1 glicosímetro, 1 oxímetro, 1 balança, 1 fita métrica, 100 sachês com sais. Os resultados obtidos foram anotados e encaminhados para a equipe da SMS, e pacientes que tiveram resultados com valores além da normalidade receberam explicações e orientações para procurar atendimento médico com a finalidade de obter uma avaliação mais profunda do caso.

Desenvolvimento e processos avaliativos

As atividades desenvolvidas entre estudantes de diferentes faculdades e níveis de formação no curso de medicina e os quilombolas da comunidade visitada foram muito bem avaliadas por ambos. No planejamento para o desenvolvimento houve contato com moradores da comunidade quilombola visando marcar a vivência e discutir algumas problemáticas da comunidade em que poderíamos intervir, para delimitar, dessa forma, as atividades que seriam realizadas visando a ampliação do aproveitamento da vivência, tanto dos discentes quanto dos quilombolas. No desenvolvimento da atividade ficou evidente que o aprendizado e maior impacto foram vivenciados pelos estudantes, pois na roda de conversa os moradores do quilombo explicitaram modos de vida no local, algumas dificuldades encontradas, o contexto histórico do surgimento do quilombo em vivência, dentre outros. Portanto, essa vivência se fez muito importante para a formação médica por possibilitar a ampliação da visão sociocultural e maiores problemáticas de uma população específica, essas que podem, muitas vezes, estarem envolvidas no processo saúde-doença e que, dentro das academias, ambulatórios e hospitais jamais seriam vivenciadas, aprendidas e futuramente relacionadas para um raciocínio clínico eficaz. Somado a isso, foi realizada uma feira de saúde na qual houveram aferições de pressão arterial, glicemia, batimentos cardíacos, cálculo de IMC e outros práticas da Atenção Básica já que a comunidade fica relativamente longe da Unidade Básica de Saúde de referência e muitos moradores não possuem acesso à mesma.

 

Considerações Finais

A visita à Comunidade Quilombola Arvinha foi uma vivência muito benéfica que proporcionou o contato de acadêmicos de diferentes universidades federais e com os moradores do quilombo por meio de atendimentos primário à saúde. Desse modo, ao considerar todos os diálogos e as atividades realizados, foi possível aprimorar conhecimentos, desenvolver novas habilidades, fomentar a interação entre diferentes parcelas sociais e formar protagonistas que vejam a importância de respeitar e conhecer as diferenças da população para garantir o direito integral à saúde.

Referências Bibliográficas:

CARÁCIO, F. C. C. et al. A experiência de uma instituição pública na formação do profissional de saúde para atuação em atenção primária.Ciência & saúde coletiva,Rio de janeiro,v. 19, n. 7, p. 2133 – 2142, jul. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n7/1413-8123-csc-19-07-02133.pdf>. Acesso em 22 de março, 2019.

Publicado
17-07-2019