A SENSIBILIZAÇÃO NA ATUAÇÃO DOS ACADÊMICOS COMO PROMOTORES DE SAÚDE POR MEIO DA PALHAÇARIA

  • Vitoria Pereira Pereira Sabino UFFS - Campus Chapecó
  • Patricia Aparecida Trentin
  • Samuel Spiegelberg Zuge
  • Crhis Netto de Brum
Palavras-chave: Ludoterapia, Enfermagem

Resumo

Introdução

O processo de hospitalização é um evento traumático, especialmente, para as crianças e para os adolescentes, que em grande parte, sentem negativamente, os efeitos da separação do seu cotidiano. Para amenizar tal problemática, a ludicidade torna-se uma ferramenta relevante na aproximação da rotina da criança ao mundo do hospital (MATRACA, WIMMER, ARAÚJO-LORGE, 2011). Assim, a palhaçaria, como articulador do lúdico, pode auxiliar neste processo, pois o palhaço potencializa o vínculo entre os atores envolvidos ao permitir a realização de brincadeiras expressas em teatros e músicas o que contribui para uma melhor adaptação, da criança, adolescente e sua família ao contexto hospitalar (CAVALCANTI, LIMA, 2016). Objetivo: relatar a preparação, denominada sensibilização, dos acadêmicos para a atuação como palhaços no ambiente hospitalar em pediatria (saúde da criança) e hebiatria (saúde do adolescente).

    

Metodologia

            O Programa Enferma-Ria, atua desde 2015, atualmente, encontra-se vinculado como demanda espontânea a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó (PROEC/UFFS). Possuí dois projetos: Enferma-Ria: a palhaçaria como ferramenta na promoção da saúde da criança hospitalizada e Enferma-Ria: a palhaçaria como ferramenta na promoção da saúde do adolescente hospitalizado. O programa de extensão realiza as atividades, semanalmente, no Hospital Augusta Muller Bohner do Município de Chapecó, Santa Catarina, no qual os acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem da UFFS/SC atuam por meio de escala, previamente organizadas, em duplas de palhaços. Anteriormente a atuação dos acadêmicos, no ambiente hospitalar ocorre a preparação, denominadas sensibilizações, para que o acadêmico seja inserido na realidade hospitalar tendo em vista o papel a ser exercido bem como conhecer o processo de crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente. Em média, o acadêmico perpassa por seis meses de intensas, atividades, como por exemplo, oficinas de explorem expressão corporal descoberta e caracterização seu do palhaço, ensaios de peças teatrais, além de discussão e reflexão do universo do hospital.

 

Desenvolvimento e processos avaliativos

A transformação e evolução do acadêmico e seu palhaço são promovidas por meio de oficinas e atividades sobre a palhaçaria desenvolvidas por acadêmicos que já participam do Programa, podendo assim expressar suas vivências e experiências do seu tempo em atuação, além de convidados externos. Essas atividades são divididas ao longo de seis meses, para que seja abordado desde a apresentação do Programa até a entrada no hospital com sua devida caracterização de palhaço. São abordadas oficinas que envolvem a corporeidade individual e coletiva. São realizadas peças teatrais a fim de organizar os participantes no contexto da palhaçaria, com utilização de maquiagens, vestimentas e estabelecimento de nomes artísticos. Assim, a sensibilização aponta para a capacidade que o indivíduo tem de dar significado ao comportamento, aprender pela observação de outros bem como de compreender seus limites e potencialidades. É capaz de refletir e analisar criticamente sobre uma experiência e determinar se esse comportamento irá ou não ocorrer em uma situação particular (BREDDA, FERREIRA, 2018). Além dessas situações há, também, o aprimoramento e desenvolvimento de características pessoais e/ou adquiridas podendo assim vislumbrar-se como autor no cuidado de modo que possa promover a saúde e compreender o meio em que se insere como futuro profissional e pessoa, identificando suas potencialidades e fragilidades. Uma vez que a sociedade é atendida pela pessoa do palhaço há também a evolução da liderança, comunicação e criatividade e um olhar holístico quanto ao ambiente e pessoas os quais são características intrínsecas do profissional Enfermeiro (BRITO, et al, 2009). A sensibilização oportuniza ao acadêmico a gerir seus mecanismos de cuidado com o outro, mas também possibilita o cuidado de si, pois ao se (re)conhecer ao longo do processo, auxilia na sua formação pessoal e profissional. Aliado a isso, a sensibilização conta com momentos de apresentações artísticas em eventos científicos, durante a abertura, bem como saída de rua a fim de explorar sua atuação como palhaço. Destaca-se que as atividades são organizadas em conformidade a necessidade do hospital, pois a cada semestre, a partir do relatório enviado para a coordenação, as atividades são relatadas a fim de integrar o ensino e o serviço na qualificação do Programa. Para que o acadêmico integre ao Programa, findada a sensibilização é oportunizado o acompanhamento dos demais acadêmicos que se encontram vinculados ao Programa. Esta dinâmica, a partir da observação, facilita sua inserção bem como a reflexão sobre a sua atuação e permanência no Programa, uma vez que o próprio hospital estabelece vínculos com os envolvidos neste processo.

 

Considerações Finais

Ao realizar a sensibilização entende-se que esta contribui para o desenvolvimento de um profissional sensível e humano o qual poderá atuar como promotor de saúde e de autocuidado, entendendo, assim, que cumpre sua finalidade no Programa. Assim, ao se utilizar da palhaçaria como um método lúdico, está auxilia no estabelecimento de vínculo entre os sujeitos tornando-os protagonistas do seu cuidado. Para tanto, observa-se que os acadêmicos envolvidos, por meio da sensibilização, encontram-se abertos para as demandas de cuidado podendo intervir, coletivamente, na melhoria e na promoção da qualidade de vida das crianças e adolescentes que vivenciam um processo de hospitalização.

Publicado
17-07-2019